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Maior fusão da história do agronegócio é, finalmente, aprovada pelos EUA

Monsanto irá, em breve, pertencer à Bayer, após uma das maiores fusões da história empresarial | JULIETTE MICHEL/AFP
Monsanto irá, em breve, pertencer à Bayer, após uma das maiores fusões da história empresarial (Foto: JULIETTE MICHEL/AFP)

A divisão antitruste (de investigação de cartéis e monopólio) do Departamento de Justiça dos Estados Unidos aprovou nesta terça-feira (29) a fusão das gigantes do agronegócio Bayer e Monsanto. As empresas concordaram em abrir mão de parte de seus ativos de US$ 9 bilhões, uma exigência do órgão norte-americano.

Conforme o acordo, a Bayer irá vender sua divisão de sementes e herbicidas. Neste caso, a companhia compradora foi a química alemã BASF. Outra condição foi a venda da divisão ainda emergente de agricultura digital, assim como parte de projetos de propriedade intelectual da empresa.

As exigências são uma espécie de prevenção para que a Bayer e a Monsanto não detenham “um controle combinado sobre tratamentos agrícolas, o que poderia elevar o preço dos produtos da agricultura para produtores rurais e consumidores”, afirmou o Departamento de Justiça. O comércio global de sementes e agroquímicos é dominado por apenas seis grupos empresariais, incluindo a Bayer e a Monsanto.

A fusão já havia sido aprovada pelos órgãos reguladores da União Europeia, Rússia e Brasil, fazendo com que o aval nos Estados Unidos fosse o último grande obstáculo.

“Receber a aprovação do Departamento de Justiça nos deixa mais perto do objetivo de criar uma empresa líder na agricultura”, afirma o CEO da Bayer, Werner Baumann, em comunicado.

As autoridades da divisão antitruste norte-americana investigaram a compra da Monsanto pela Bayer por mais de um ano, chegando à conclusão que poderia resultar em um aumento de custos dos insumos agrícolas no país.

“O sistema de produção agrícola é de alta relevância para a nossa economia, para nosso sistema de abastecimento de alimentos e para a nossa maneira de vida”, destacou Makan Delrahim, um dos especialistas do Departamento de Justiça encarregados para o caso. “Os produtores rurais da América dependem dessa concorrência entre Bayer e Monsanto”.

Para que fosse possível eliminar um concorrente nessa linha de negócios, o acordo propôs que a Bayer deixasse alguns outros mercados, segundo o Departamento de Justiça.

Ao realizar a fusão com a Monsanto, os especialistas em regulação descobriram que a companhia alemã seria o principal fornecedor de sementes. Após a fusão, a Bayer, que também é um dos principais vendedores de inseticidas para os produtores rurais, teria uma espécie de incentivo para aumentar os preços, uma vez que os compradores contariam com menos opções para fazer a aquisição de suprimentos, alegou o governo.

Essas preocupações se tornaram maiores com a concretização da megafusão entre as duas gigantes do agronegócio, uma vez que os órgãos reguladores já assinaram acordos entre a Dupont e Dow Chemical, ChemChina e Syngenta, concentrando o mercado global de pesquisa de agroquímicos e vendas nas mãos de cinco empresas. Além disso, economistas do Departamento de Agricultura dos EUA disseram em relatório de 2017 que novas fusões poderiam, inclusive, desincentivar inovações nos setores de pesquisa e desenvolvimento.

A Bayer defendeu que o negócio seria uma maneira de ampliar a produtividade agrícola com o crescimento populacional global, citando a vantagem competitiva da Monsanto, que investiu em fortemente em genética, além do portfólio da Bayer de pesticidas e químicos.

“Os produtores rurais irão se beneficiar de uma nova gama de soluções, auxiliando as próximas gerações a enfrentarem os desafios proeminentes da sociedade”, afirmou a empresa em comunicado.

O acordo histórico, se aprovado por um juiz, será uma vitória para Makan Delrahim, que foi confirmado como procurador-geral assistente do presidente Donald Trump para questões de monopólio empresarial e legislação antitruste. Ele argumentou que a venda de ativos é uma maneira efetiva de resolver os problemas de competitividade em grandes fusões, sendo mais efetivo do que obrigar empresas a obedecerem exigências que precisam ser revisitadas e auditadas por reguladores.

Apesar disso, o acordo desta terça-feira exige uma cooperação contínua dos executivos da Bayer e da Monsanto, afirmaram servidores do Departamento de Justiça, sob a condição de anonimato.

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