Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
“Todos contra a China”

Setor agrícola pressiona Trump a voltar para o maior acordo comercial da história

Trump anunciou saída dos EUA do TPP poucos dias de chegar  à Casa Branca. | TIMOTHY A. CLARY/AFP
Trump anunciou saída dos EUA do TPP poucos dias de chegar à Casa Branca. (Foto: TIMOTHY A. CLARY/AFP)

O secretário de agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, afirmou aos senadores do país que ele está encorajando o presidente Donald Trump a reconsiderar a participação norte-americana na Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês), acordo entre 11 nações do qual os EUA anunciaram sua saída poucos dias depois de o republicano assumir a Casa Branca.

O comentário de Perdue é o mais recente da administração Trump a respeito do TPP. Há pouco tempo, o próprio Trump confidenciou a senadores que estaria aberto a reintegrar a parceria, para, contraditoriamente e logo na sequência, negar a informação no Twitter.

A declaração do secretário de agricultura chegou como resposta a um questionamento do senador Steve Daines, do Comitê Agrícola do Senado. “Quando saímos do TPP, a China aumentou a influência na região” disse Daines. “Secretário Perdue, a despeito de outros aspectos do TPP, o senhor acredita que o acordo beneficiaria a agricultura dos EUA?”

Perdue respondeu: “Sim, eu acredito. Penso que isso cria uma frente unida com nossos aliados no esforço de reduzir tarifas, que deixam a China de fora, para o nosso benefício e o benefício deles. E eu concordo com o senhor nisso. Eu tenho encorajado o presidente a reconsiderar.”

Perdue continuou e lembrou um encontro na Casa Branca, ainda neste mês, em que Trump pediu ao alto escalão do governo que vislumbrasse a possibilidade de voltar ao amplo pacto comercial, que foi originalmente negociado pelo ex-presidente Barack Obama, para servir de contrapeso à China na região. “Eu gostaria de ver [os EUA] voltarem ao TPP”, acrescentou Perdue. “Novamente, creio que o estilo de negociação do presidente poderia, possivelmente, nos levar a um acordo ainda melhor desta vez.”

Perdue não comentou o tweet que Donald Trump publicou apenas cinco dias depois de mencionar a volta ao tratado, em que o presidente jogou um balde água fria sobre a ideia. Na internet, Trump escreveu: “eu não gosto do acordo para os Estados Unidos. Há muitas contingências e não há meio de saída caso não funcione. Acordos bilaterais são mais eficientes, lucrativos e melhores para os NOSSOS [sic] trabalhadores.”

Larry Kudlow - diretor do Conselho Econômico Nacional e um dos homens a quem Trump designou a tarefa de pensar em um retorno ao TPP - minimizou as chances de que isso aconteça. Os comentários de Perdue revelam, ainda, um racha na administração de Trump, o que dividiu a base de apoio do presidente no Legislativo. Senadores republicados têm denunciado frequentemente as políticas protecionistas dele, enquanto posam de mãos atadas para fazer qualquer coisa a respeito.

O governo Obama assinou o TPP com mais outros 11 países, incluindo Japão, Vietnã, Cingapura e Austrália, chegando a tarifas mais baixas e reduzindo a influência chinesa no Pacífico. Um “sim” ao tratado daria a Trump mais força em sua escalada comercial contra Pequim. E também daria aos produtores norte-americanos, varejistas e outros empresários acesso a mercados estrangeiros, se a China cumprir as ameaças de taxação sobre produtos dos EUA.

O setor agrícola é o que mais tem temido a retaliação chinesa em resposta às tarifas impostas por Trump sobre o alumínio, aço e outras mercadorias dos asiáticos. Muitos senadores republicanos compartilharam a frustação em torno da questão e descreveram a ansiedade que tem tomado conta de comunidades rurais, com a incerteza envolvendo a política comercial dos EUA. Isso inclui a renegociação em andamento do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), que levou a um boom da agricultura no país.

“Estou esperançoso de que veremos uma conclusão exitosa do Nafta em breve”, Perdue afirmou aos senadores, assegurando a eles que o presidente compreende as preocupações em torno do impacto que sua tática de negociação tem trazido à agricultura, incluindo a variação no preço das commodities. “Penso que vocês podem até acreditar que em alguns casos estamos usando produtores como ‘peões’ para conseguir um melhor acordo comercial”, disse o secretário para o presidente do Comitê Agrícola, Pat Roberts. “São palavras bastante fortes. Eu não digo isso num sentido acusatório, mas é assim que as coisas são.”

O governo está considerando usar um programa dos tempos da “Grande Depressão”, na década de 1930, chamado Crédito Corporativo de Commodities, para socorrer agricultores prejudicados pela negociação com a China. Porém, Roberts e outros senadores argumentaram de forma contrária a essa abordagem, dizendo que os produtores querem acesso a mercados, e não um cheque do governo.

Questionado pelos parlamentares, Perdue se recusou a especificar quais passos a administração planeja tomar pelo Crédito Corporativo de Commodities ou outras maneiras de auxiliar agricultores, mas defendeu que é necessário pensar nessas opções.

“Obviamente, temos discutido as propostas de vocês, de que devemos negociar e abrir novos mercados, em vez de fechar”, afirmou Perdue a Pat Roberts. “Mas eu creio que também é minha responsabilidade olhar para qualquer estratégia de mitigação pela perspectiva do USDA [Departamento de Agricultura dos EUA], caso essas negociações não surtam efeitos. Então, estamos encorajando nosso presidente, agora que ele conseguiu a atenção da China, para sentar e resolver essa pendência assim como resolvemos qualquer outra disputa comercial.”

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.