Suinocultor inspeciona plantel de suínos em Nova Mutum, no Mato Grosso - Expedição Suinocultura da Gazeta do Povo de 2017| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

Na medida em que a peste suína africana avança em território chinês, o país que mais consome carne de porco no mundo vê-se com poucas opções no mercado global, caso necessite apelar às importações.

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Para Joe Schuele, porta-voz da Federação de Exportadores de Carne dos Estados Unidos, ainda é cedo para dizer se o surto da peste suína – provocado por um vírus altamente contagioso e mortal – terá impacto significativo na produção doméstica chinesa. Já na avaliação de Brett Stuart, sócio-diretor da consultoria Global AgriTrends, “é de assustar” ver uma doença letal, que nenhum outro país conseguiu controlar, se espalhando entre a maior população mundial de suínos.

Se houver mortalidade elevada no plantel chinês, a União Europeia, maior exportador mundial, deve ser o primeiro player a aumentar suas vendas para lá – diz Heather Jones, analista do Vertical Group. Em seguida, viriam os americanos, mas não no cenário atual, em que a nação asiática sobretaxou as importações dos EUA devido à guerra comercial. O mais provável, segundo Jones, é que a China se abasteça da carne suína europeia, enquanto outros países passariam a comprar mais dos Estados Unidos.

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A processadora americana de alimentos Hormel Foods informou que “está monitorando a situação de perto”, enquanto a Tyson Foods e a Smithfield Foods, também americanas, preferiram não fazer comentários.

Brasil, Canadá e Chile também devem se beneficiar do aquecimento da demanda, caso a febre suína provoque perdas mais expressivas na China. Segundo Stuart, da AgriTrends, o Brasil especialmente já tem uma produção organizada para a exportação e seus embarques para a China, até julho deste ano, mais do que triplicaram.

“Brasil e China têm se aproximado bastante no comércio de carnes”, diz Stuart.

Oportunidade

Para o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos, Marcelo Lopes, o avanço da peste suína africana mostra a importância dos esforços para preservar o status sanitário do Brasil, que é livre da doença. Do ponto de vista comercial, o efeito pode ser positivo para o país. “É uma oportunidade, não tenho dúvida. A china é um mercado gigantesco e está crescendo muito. Essa questão da febre suína, não só na China, mas também na Rússia, abre portas para nós”, diz Lopes. Ele lembra que o Brasil passa por um momento difícil, com excesso de oferta e preços de insumos elevados. “Eles (chineses) vão ter que abater animais lá e isso vai aumentar a demanda pela importação. Para nós, qualquer oportunidade é muito significativa, essa janela é excelente”.

A China produziu 53,4 milhões de toneladas de carne suína em 2017 e importou apenas 1,62 milhão de toneladas – segundo estatísticas do Departamento de Agricultura dos EUA. Como as importações representam apenas 3% do consumo, eventuais perdas internas de produção podem afetar a demanda global de forma dramática. Stuart diz que se a China perder 17% de sua produção, por exemplo, será necessário todo o volume mundial de exportação de carne suína para atender a demanda.

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