As cooperativas do Paraná revisaram o dado de faturamento do sistema em 2015. A receita não foi de R$ 56,5 bilhões, conforme anunciado em dezembro do ano passado, no Encontro Estadual de Cooperativistas. O desempenho final foi de R$ 60,4 bilhões. O novo dado foi apresentado durante a assembleia geral da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), na sexta-feira (1), em Curitiba. Foram 19,6% de crescimento em relação a 2014, quando a receita atingiu R$ 50,51 bilhões. Isso mesmo. No ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) nacional encolheu 3,8%, as cooperativas do estado adicionaram mais R$ 10 bilhões ao seu faturamento.
Os números fazem das cooperativas um setor responsável por 18% do PIB do estado. Com 56% da produção agropecuária paranaense, o ramo mais forte do sistema, seguido de crédito e saúde, a variação positiva do segmento no ano passado se deve também às exportações. Em 2015 o setor embarcou o equivalente a R$ 8,5 bilhões. A receita de R$ 60 bilhões apurada pelas cooperativas é mais de 35% superior ao orçamento que o governo do Paraná tinha para aplicar em todas as áreas, como segurança, saúde e educação. Quando da fundação da Ocepar, no início da década de 1970, o faturamento do sistema era inferior a R$ 2 bilhões.
JPK, o legado
Em uma sessão reservada aos dirigentes cooperativistas, na assembleia geral João Paulo Koslovski deixou o comando do Sistema Ocepar. Ele deixa a Ocepar para se dedicar a projetos pessoais e à família. Foram 20 anos como diretor executivo e outros 20 como presidente. Literalmente, uma vida dedicada à causa, ou melhor, a um modelo que transforma pessoas e sociedades, que faz do econômico uma consequência do social, e das cooperativas uma alternativa sustentável de desenvolvimento. Uma liderança não apenas cooperativista, mas um ativista das causas das cooperativas e do agronegócio, onde está a maior força do sistema no estado.
Foram quatro décadas que mudaram não o conceito, mas a percepção do cooperativismo junto ao público e ao privado. Há tempos o sistema deixou de ser uma atividade ou sociedade de colonos para se consolidar como uma das maiores, se não a maior força econômica do Paraná. Quem assume a presidência é José Roberto Ricken, que respondia pela superintendência da casa e tem 28 anos dedicados ao sistema. Quanto a João Paulo Koslovski, o JPK, que começou sua carreira como extensionista rural, da antiga Acarpa, hoje Instituo Emater, não apenas o conheço como tive a honra de trabalhar com ele. E sem medo de errar, esse é o cara!
Da América do Sul para os EUA
Os Estados Unidos vêm com tudo no milho na safra 2016/17. Os norte-americanos iniciam o plantio do cereal com intenção de semear 37,88 milhões de hectares. A se confirmar, a área será 2,27 milhões de hectares acima da extensão cultivada no ano passado, quando o país colheu mais de 345 milhões de toneladas. Na outra ponta, retração na soja e no trigo, com reduções de 0,5% e 9,3%, respectivamente. Em relação à oleaginosa, a aposta menor dos Estados Unidos reforça mais vez a maior competitividade do Brasil, onde a área cresce ano a ano e a produção no ciclo atual pode atingir recorde de 100 milhões de toneladas.
Já o trigo traz preocupação ao mercado brasileiro. Com produção interna insuficiente, o país depende muito do mercado externo para garantir o abastecimento. E com o recuo de área nos Estados Unidos, do ponto de vista do mercado, da oferta e demanda, a temporada promete ser altamente disputada, acirrada e competitiva. Produção menor é oferta menor e preço maior. Bom para o produtor, nem tão bom para a indústria e o consumidor. No Paraná, o maior produtor nacional de trigo, a área que está sendo cultivada deve encolher 10% em relação à safra anterior. Conforme o primeiro relatório de intenção de plantio, divulgado na semana passada pelo USDA, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a área conjunta das oito principais culturas, a retração entre 2015 e 2016 será de 1,1%.
Contudo, é forte a possibilidade de problemas climáticos no desenvolvimento das lavouras. Os meteorologistas têm como certo um clima instável, embora ainda seja cedo para prever sua intensidade e o impacto que deve causar às lavouras. O que faz com que as atenções que estavam focadas na América do Sul se voltem agora para o plantio, o clima e a safra nos Estados Unidos. No mercado internacional, como consequência lógica, de fundamento, o reflexo do relatório do USDA foi negativo no milho, que voltou à casa dos US$ 3,5/bushel. E deu fôlego à soja, que se mantém acima dos US$ 9/bushel.
Da parte do Brasil, atenção especial com a safra dos norte-americanos e também com o comportamento das cotações na Bolsa de Chicago versus o câmbio, que por enquanto é a grande variável que favorece a temporada por aqui.