Apesar de ser uma atividade relativamente recente, o Paraná já se tornou um dos líderes no cultivo de peixes, com destaque para a tilápia, que responde por 85% da produção nacional e 77% do estado. Somente em 2015, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), estima-se que a produção de pescado atingiu cerca de 91 mil toneladas, 19% acima de 2014. Para este ano, a expectativa é que o volume chegue a 110 mil toneladas, um aumento de 22%.
“O aumento da demanda, a expansão de frigoríficos, abatedouros e a entrada das cooperativas impulsionaram o cultivo de pescados no Paraná”, explica o responsável pelo projeto de Piscicultura do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Luis Danilo Muehlmann.
Concentrada na região Oeste, a produção é uma boa fonte de renda para pequenos produtores. Em um hectare é possível obter uma renda anual bruta de R$ 25 mil. “A cadeia está se estruturando. É uma atividade tão rentável quanto outras culturas”, afirma Muehlmann.
Investimentos
A Cooperativa Copacol, referência na produção de frango, também apostou na piscicultura e, em 2008, inaugurou uma unidade de abate de peixes em Nova Aurora, no Oeste do estado. De olho no grande potencial do setor, investiu cerca de R$ 80 milhões para duplicar a produção diária de 70 mil para 140 mil tilápias, a partir do ano que vem.
O aumento da demanda, a expansão de frigoríficos, abatedouros e a entrada das cooperativas impulsionaram o cultivo de pescados no Paraná.
A cooperativa também é a única com o sistema de produção integrado. A Copacol fornece assistência técnica, ração, os peixes e também faz a retirada das tilápias para o abate. Atualmente são 150 produtores integrados. “A ideia é criar novas oportunidades e ampliar a renda do cooperado. Os desafios são grandes, mas há uma expectativa muito boa de crescimento do consumo, tanto no mercado interno quando para exportação”, explica o presidente da Copacol, Valter Pitol.
Segundo a economista da Embrapa Pesca e Aquicultura, Andrea Pizarro Muñoz, a piscicultura precisa de uma maior integração da cadeia para aumentar a oferta para o mercado interno e externo. “Com um apelo cada vez maior pelo consumo de peixe devido aos benefícios à saúde, a demanda é crescente, mas a produção local, apesar do bom ritmo de crescimento, não atende às necessidades de consumo. O produto ainda é caro ao consumidor”, ressalta Andrea. Atualmente o quilo do filé de tilápia é vendido no varejo a R$ 34,35, mais caro que a maioria dos cortes de carne bovina. Há um ano, o produto custava R$ 29,31.
“É um modelo de negócio que está em crescimento, mas ainda tem muito a se fazer. Precisamos de uma cadeia mais organizada não apenas através da integração, mas também com novos frigoríficos. Além disso, é importante fomentar o consumo e aumentar a capilaridade da nossa produção”, afirma o técnico do Deral, Edmar Gervásio.
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