Carrefour e Walmart foram, ainda, proibidos de comercializar pescado enquanto a situação não for regularizada.| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

O Ibama suspendeu a venda de pescado nas redes Assaí e Walmart e também multou o Carrefour pelo comércio dos alimentos sem comprovação de origem.

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Os centros de distribuição dos atacadistas em São Paulo foram alvo de ação que fiscalizou no total 14 empresas que vendem grandes volumes de pescado na capital paulista. De acordo com o Ibama, os três estabelecimentos apresentaram irregularidades e foram autuados, juntos, em R$ 2,16 milhões. Eles têm um prazo de 20 dias para recorrer. Procuradas pelo Estado, as empresas disseram que estão apresentando a documentação solicitada para se regularizar.

O caso mais bem documentado foi o da Assaí, ligado ao Grupo Pão de Açúcar, que tem 130 lojas em 18 estados. A rede não conseguiu justificar a origem de 38.243 quilos de pescado vendido. O centro foi embargado para a venda e o recebimento de novos produtos e multado em R$ 840 mil.

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O problema é que as notas fiscais de compra não traziam o chamado Registro Geral de Pesca (RGP) de seus fornecedores, exigência desde 2014 após a publicação de normativa pelos ministérios da Pesca e Aquicultura e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“É isso que vai mostrar de onde saiu aquele pescado e abrange toda a cadeia: quem pesca, quem beneficia, quem armazena. Sem saber a origem, não dá para saber se aquele peixe, camarão, lagosta é legal ou não”, explicou Hugo Américo, analista ambiental do Ibama em São Paulo.

O embargo também foi aplicado ao Walmart, que recebeu multa de R$ 1 milhão. A rede não chegou a apresentar as notas de venda dos produtos. “Essa negativa de informação para o órgão ambiental tem uma penalidade alta. Não sabemos quanto eles estão vendendo, nem se foi de modo correto ou se tinha algo errado”, disse Américo. A rede também não apresentou o seu RGP, que é requerido para toda a cadeia de pesca, desde o pescador ao vendedor final.

No caso do Carrefour, inicialmente a rede apresentou notas para a venda de cerca de 29 mil quilos de pescado, mas nenhuma delas tinha a origem dos produtos. Após um período de 10 dias para adequação dado pelo Ibama, o Carrefour apresentou a informação para a maioria do produto, mas ainda ficaram sem origem 8.500 kg de pescado. Por isso, recebeu uma multa, mas não teve o produto embargado, como ocorreu com Assaí e Walmart.

Defeso

Segundo Américo, a preocupação do órgão ambiental é com o período de defeso de espécies como camarão e lagosta, que começaram em novembro do ano passado. As empresas são solicitadas a informar seus estoques quando o período começa e informar quanto venderam ao final. Com isso é possível saber se foi vendido algo a mais do que estava previsto. E o RGP é ferramenta fundamental para comprovar a movimentação.

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“A estratégia do Ibama atual é que não adianta só irmos atrás do barco que possa estar pescando ilegalmente se o grande centro distribuir não pede nota fiscal com a origem do produto. A ação sobre eles é para que exijam a nota dizendo de onde está saindo o peixe. É isso que vai fazer a cadeia se adequar.”

A liberação do embargo foi condicionada à apresentação do RGP e de um plano de ação das empresas para frear o recebimento de notas sem origem.

Outro lado

Procuradas pela reportagem, as redes se manifestaram por meio de nota e disseram que estão tomando as medidas necessárias para liberar os produtos.

A Assaí informou que “já reuniu a documentação necessária e a apresentou ao órgão fiscalizador, com o intuito de comprovar as ações desenvolvidas e, desta forma, retomar a comercialização dos produtos”. Também disse que “toda a negociação com produtores de pescados passa por rigorosos critérios contratuais, incluindo a garantia de origem de acordo com a legislação existente para a categoria” e que apresenta “nas notas fiscais de todos os pescados adquiridos o código de rastreamento do produtor, atendendo a determinação dos órgãos reguladores”.

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O Walmart disse que “já tomou as medidas necessárias para atender as exigências apontadas pela fiscalização”.

O Carrefour afirmou “que a comercialização de pescados em suas lojas segue rígidos padrões de qualidade e origem, respeitando a legislação vigente”. Disse também que “reforçou junto aos seus fornecedores que o RGP é uma exigência para fornecimento à rede, que não aceitará entregas com inconformidade neste dado”.