Maior produtor nacional de moluscos, respondendo por 95% da produção brasileira, Santa Catarina interditou os cultivos de ostras, vieiras, mexilhões e berbigões devido à presença de toxina paralisante (PSP). A informação é da Secretaria de Agricultura e Pesca do estado. De acordo com o órgão, está proibida a retirada, comercialização e o consumo destes animais e seus produtos, inclusive nos costões e beiras de praia.
A toxina pode causar diarreia, náuseas, vômitos, dores abdominais, perda de sensibilidade nas extremidades corpo e, em casos severos, paralisia generalizada e óbito por falência respiratória. Os sintomas podem começar aparecer imediatamente ao consumo dos moluscos contaminados. Essas toxinas são estáveis e não são degradadas com o cozimento ou processamento dos moluscos. Todos os moluscos filtradores, independentemente se são ou não cultivados, podem acumular as toxinas.
A medida foi necessária após exames laboratoriais detectarem a presença da PSP em cultivos no município de Porto Belo. Como existe a possibilidade de contaminação dos moluscos, a Secretaria da Agricultura interditou todo o litoral catarinense de forma preventiva nesta quinta-feira (19). A secretaria reforça, entretanto, que a presença da toxina na água não representa risco aos banhistas.
A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) realizará coletas para monitoramento das áreas de produção. Os resultados dessas análises definirão a liberação ou a manutenção da interdição das áreas afetadas.
Toxina Paralisante
Segundo o representante do Laboratório Laqua-Itajaí/IFSC, Luis Proença, as microalgas que vivem na água compõe a principal fonte primária de alimento dos organismos marinhos. Em condições ambientais favoráveis, o número de células em suspensão na água pode aumentar de forma significativa. Embora a grande maioria de espécies de microalgas seja benéfica, algumas espécies produzem potentes toxinas que podem ser acumuladas por organismos filtradores, como, por exemplo, os moluscos bivalves.
Proença explica que a presença de PSP em moluscos no litoral de Santa Catarina é relativamente rara. A primeira detecção foi em 1997.