O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, disse que o governo brasileiro recebeu na madrugada desta sexta-feira, 18, um questionamento da China sobre suposta prática de dumping na exportação de carne de frango ao país. Segundo Turra, o Brasil tem 20 dias para responder ao questionamento e mostrar que não exporta produto a preço inferior ao praticado no mercado interno.
Após receber a resposta, os chineses podem ou não recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Turra, no entanto, acredita que esta questão deve ser resolvida de forma diplomática e rápida, sem causar prejuízos às exportações do Brasil para China - o terceiro maior destino do produto brasileiro. Foram 226,5 mil toneladas adquiridas no primeiro semestre deste ano. “Não acredito que a China venha a reduzir importações”, afirmou o executivo.
“Conversei há pouco com o Abrão Árabe (secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e fiz um apelo para que a conversa seja levada de forma diplomática”, contou Turra. O governo brasileiro tem missão agendada para a China no início de setembro e o questionamento apresentado hoje deve entrar na agenda das discussões. O representante da indústria brasileira de aves e suínas rebateu a possibilidade de qualquer prática de dumping. Afirmou que o Brasil é competitivo e vende “a preços absolutamente justos”. Mas reconheceu que questionamentos como o chinês podem acontecer. “A BRF teve de mandar milhões de documentos para África do Sul e terminamos vencedores no processo”, afirmou sobre o processo aberto pelo país sul-africano contra o Brasil na OMC.
O Ministério do Comércio da China disse, em nota publicada no site da pasta, estar investigando denúncias de dumping relacionadas à importação de frango do Brasil. Segundo o documento, empresas interessadas na apuração terão 20 dias para fornecer informações ao governo. A investigação pode durar um ano, com uma possível prorrogação até 18 de agosto de 2019. Ainda conforme o ministério chinês, entre 2013 e 2016 o frango brasileiro no mercado local correspondeu a mais de 50% da oferta chinesa.
As principais exportadoras de carne de frango do Brasil - a BRF, dona da Sadia e Perdigão, e a JBS, da marca Seara - não quiseram se pronunciar. Ambas empresas disseram que o assunto será tratado por meio da ABPA.
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