O milho é o principal ingrediente das rações que alimentam suínos e aves e o fornecimento deste ano está afetado pela redução da safra brasileira e quebra na produção da Argentina.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Avicultores, suinocultores e agroindústrias do Sul do país estão buscando milho do Paraguai e dos Estados Unidos para alimentar as criações. O milho importado se tornou competitivo após a alta dos preços no mercado interno, que em algumas regiões já chegaram a R$ 40 a saca de 60 kg.

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O milho é o principal ingrediente das rações que alimentam suínos e aves. Com uma demanda cada vez maior e a previsão de redução na safra brasileira do cereal, produtores e agroindústrias buscam alternativas para manter a competitividade, principalmente depois da quebra da safra do cereal na Argentina, que neste ano deve colher apenas 30 milhões de toneladas.

Em 2016, quando houve uma quebra na safra de milho no Brasil, produtores de suínos e aves do país – principalmente do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – sofreram com cotações exorbitantes. No segundo semestre daquele ano, a saca de 60 kg do cereal chegou à casa dos R$ 60, o que provocou uma profunda crise no setor e tirou muitos produtores da atividade. Em 2017, com uma safra excepcional, a situação se inverteu. E o preço da saca caiu para R$ 17.

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A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) vai buscar milho no Paraguai e nos Estados Unidos. Mesma estratégia adotada por agroindústrias de Santa Catarina. “Queremos evitar o que aconteceu em 2016. Queremos nos precaver”, explica o diretor-executivo da Asgav, José Eduardo dos Santos. “Com a saca em torno de R$ 40, R$ 41 para o produtor, a atividade não é tão viável. Queremos evitar situações extremas”, conta.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, muitas indústrias já estão trazendo milho de fora, principalmente dos Estados Unidos e do Paraguai. “As empresas aprenderam com o que aconteceu no passado e estão fazendo estoques. A importação, principalmente para os estados da Região Sul é viável economicamente”, explica. De acordo com Turra, a ABPA está acompanhando e monitorando os preços, mas acredita que o milho não vai subir aos patamares de 2016. “O estoque de passagem é grande. E à medida que o milho safrinha for colhido, os preços vão se ajustando”, acredita.

Na opinião de Jacir Dariva, presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), não é o preço do milho que está alto, mas do animal que está baixo. “Pagar R$ 40 na saca de milho com o quilo do suíno valendo R$ 4 é uma coisa, mas hoje ele é vendido por R$ 2,50, R$ 2,60. Não queremos criticar o produtor de milho, ele também tem que lucrar, ser bem remunerado, mas nós também precisamos”, diz.

Este ano, a previsão é de que Santa Catarina e Rio Grande do Sul importem cerca de seis milhões de toneladas de milho de outros estados e do exterior para abastecer o setor produtivo de carnes. Esta semana, em Chapecó, as indústrias estão pagando em média R$ 40 pela saca de milho – R$ 10 a mais do que em janeiro.

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Em nota, o secretário da Agricultura de Santa Catarina, Airton Spies, afirma que a cadeia produtiva de carnes brasileira está muito bem estruturada, mas possui um elo solto, que é o fornecimento de milho. “Hoje, nós estamos numa gangorra onde um ano ganha a indústria de carnes e outro ano ganha o produtor de milho e precisamos de mecanismos para equilibrar o preço”, destaca Spies.

Pesquisadores do Cepea afirmam que produtores e agroindústrias, abastecidos para o curto prazo, estão fora do mercado e atentos ao avanço da colheita do milho verão, o que eleva a disponibilidade interna. Produtores, por sua vez, também estão retraídos das vendas, à espera de reação nos preços. Nesse cenário, o ritmo de negócios continua lento.