O vídeo gravado por uma consumidora de Petrópolis, no Rio de Janeiro, para “denunciar” o que seria um ovo de plástico, supostamente produzido por falsificadores na China, viralizou nos últimos dias nas redes sociais e já produz estragos reais à avicultura brasileira.
O problema é que a brincadeira de mau gosto, ou qualquer que tenha sido a intenção, vem sendo levada a sério por muitos consumidores e fez a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pedir uma manifestação pública do ministro da Agricultura, Blairo Maggi, para desmentir a “fake news”.
“Infelizmente, em tempos como os atuais, este tipo de acusação ganhou público e credibilidade – por mais absurdo que isto possa parecer. Empresas do nosso setor estão recebendo solicitação de esclarecimento e, inclusive, pedido de devolução de produtos. Já há casos em mercados em que consumidores estão quebrando ovos para confirmar se o produto é, de fato, ‘verdadeiro’”, diz o presidente da ABPA, Francisco Turra, em ofício enviado ao ministro da Agricultura.
No vídeo, a consumidora diz que acabou de comprar uma bandeja de ovos falsificados. Ela quebra um ovo numa vasilha e começa a descrever uma série de características que desmascarariam o “ovo de plástico” – como a textura muito fina da clara, o cheiro de aromatizante e a existência de uma película de “plástico puro” entre a gema e a clara. Ela diz que a casca, também, faz um barulho diferente e não quebra. “Estamos comendo plástico, vindo diretamente não da galinha, mas da China para nós. É isso que estamos comendo”, diz a mulher.
O ministro Blairo Maggi ainda não emitiu nota técnica oficial, como solicitado pela ABPA, mas se manifestou pelo Whatsapp, onde o boato do ovo de plástico se dissemina com mais intensidade. “Falso é o vídeo, falei com técnicos do Ministério da Agricultura, e eles me garantiram não existir isso. Quando o ovo passa de 4 a 5 semanas fica vencido e perde a viscosidade e a membrana interna fica mais grossa com aspecto plástico. Não compre ovos com data de validade vencida. Mesmo assim vamos investigar”, afirmou Maggi.
As acusações do vídeo são falsas, primeiramente, porque o Brasil simplesmente não importa ovos da China. Lúcia Endriukaite, nutricionista do Instituto Ovos Brasil, sugere uma explicação para a textura diferente do ovo exibido no vídeo: “Após a postura, tem início o envelhecimento do ovo. Outro fato é que através dos poros da casca ocorrem trocas gasosas entre o meio interno e o externo. Essas trocas alteram o PH interno do ovo favorecendo a hidrólise ou quebra das estruturas das proteínas. Neste caso, a albumina contida na clara altera a textura, deixando -a liquefeita ou com a aparência de água. A casca é uma embalagem natural, mas é importante lembrar que o ovo é um alimento perecível e necessita de armazenamento adequado”.
A Perfa Alimentos, marca de Minas Gerais que aparece na bandeja de ovos do vídeo, informou que trata-se de uma fraude que “em momento algum reproduz qualquer produto disponibilizado por nossa empresa”. A companhia disse que tomará as medidas judiciais cabíveis para identificar e responsabilizar os autores do vídeo.
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