É proibida a alimentação de bovinos com cama aviária.| Foto: HUGO HARADA/GAZETA DO POVO

Mais de 60 animais tiveram que ser encaminhados para matadouros nesta semana em Conchas, no interior de São Paulo, por estarem sendo alimentados com cama de aviário, informou a Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical).

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A prática é proibida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) por ser um fator de risco para o surgimento de casos de Vaca Louca, cientificamente conhecida como Encefalopatia Espongiforme Bovina.

Por ser um subproduto da criação de aves, a cama aviária pode conter comida e fezes de aves que se alimentam de ração feita à base de carne bovina e suína. Se fornecido o subproduto ao gado, há o risco da ingestão de proteínas bovinas, produzindo canibalismo.

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O que diz o Mapa?

Conforme a Instrução Normativa 8/2004 do Ministério da Agricultura, é vedada “a produção, a comercialização e a utilização de produtos destinados à alimentação de ruminantes que contenham em sua composição proteínas e gorduras de origem animal”. A normativa inclui nessa proibição expressamente a cama de aviário e resíduos da criação de suínos.

“Hoje em dia evita-se qualquer produto de origem animal na alimentação para ruminantes, como bovinos e caprinos, para evitar encefalopatia. Isso inclui a cama de aviário. Não que a galinha seja hospedeira, mas é uma prerrogativa para resguardar o país, além de uma série de medidas”, explica Clarissa Vaz, médica veterinária e pesquisadora da Embrapa Aves e Suínos, de Concórdia (SC).

Essa é uma regra internacional para o Brasil seguir como exportador de proteína animal. “Nós realizamos, periodicamente, fiscalizações surpresas nas propriedades rurais. Seria desastroso para a economia um foco da doença”, explica Jean Joaquim, auditor fiscal federal agropecuário responsável pela equipe que realizou a fiscalização na última terça-feira. A ação contou com o apoio da Policia Ambiental e da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.

Risco de transmissão

O mal da vaca louca surgiu no Reino Unido e atingiu alguns países, mas nunca chegou a ter um foco no Brasil. O desenvolvimento da doença é associado ao uso de farinha de carne e ossos na alimentação do gado.

A doença ataca o sistema nervoso central dos animais, levando à paralisia, e é transmissível ao ser humano pela ingestão de carne contaminada, podendo causar lesões no cérebro, provocando demência e dificuldade de pensar ou falar.

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Para evitar qualquer chance de ocorrência da doença, a legislação determina que qualquer ruminante que se alimenta da cama de aviário seja apreendido e destinado ao abate em matadouros frigoríficos com Serviço de Inspeção Federal (SIF). Depois de retirado o material, a equipe avalia se o restante da carne do animal abatido está apto ao consumo humano.

O pecuarista paulista agora pode até mesmo responder na justiça pelo ato. Há quatro anos, após ter ciência de um caso similar em Goiás, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou o produtor por crime. Há oito anos, dois pecuaristas de Sergipe também foram denunciados criminalmente pelo MPF pelo mesmo fato.