A intenção dos pecuaristas paranaenses de antecipar em um ano e meio o fim da vacinação obrigatória contra a febre aftosa no estado está mais próximo de se concretizar. No final da semana passada, o Departamento de Saúde Animal (DSA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) aprovou o pedido do Paraná para antecipar para novembro de 2019 a retirada da vacinação contra a aftosa nos rebanhos bovino e bubalino.
A aprovação se baseou nos resultados de duas auditorias: uma do Quali-SV, do próprio Ministério, que avaliou positivamente o sistema de defesa agropecuária paranaense, e outra feita pela Agência de Defesa do Paraná (Adapar) dos postos de fiscalização de trânsito agropecuário.
Mesmo se conseguir antecipar o fim da vacinação, o Paraná continuará integrando o Bloco V no Programa Nacional de Erradicação e Prevenção Da Febre Aftosa (PNEFA), que tem ainda Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina – este último já não vacina contra a aftosa. No entanto, o ministério deu parecer favorável à adoção por parte do estado do cronograma do Bloco I, que inclui Rondônia e Acre e prevê a retirada da vacinação nas áreas do bloco a partir do fim de maio de 2019. Nos estados do Bloco V, só será erguida em maio de 2021. A manutenção do Paraná no Bloco V se dá por questões geográficas, de acordo com o MAPA.
Segundo o presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz, o parecer do ministério é favorável, desde que o estado cumpra algumas exigências, como adequar sua infraestrutura de fiscalização sanitária e fazer a contratação de pessoal necessário para manter a vigilância. O próximo passo do processo agora é fazer dois estudos acadêmicos, um para verificar a sensibilidade do sistema para detectar de imediato o risco de ocorrência da febre aftosa e de combatê-la, identificando rapidamente o vírus e erradicando-o dentro do estado.
“O outro estudo diz respeito a identificar os locais de maior risco da doença no território, como frigoríficos, exposições de animais, fábricas de ração, portos e aeroportos, e o que se faria nesses pontos para reforçar a fiscalização”, explica Kroetz. Esses estudos devem ser entregues ao ministério até 30 de abril do ano que vem. Se aprovados, o Paraná já poderia aparar de vacinar em 1º de junho de 2019.
Ao todo, o Paraná possui 33 postos de fiscalização de trânsito de animais nas divisas, sendo que dois deles estão em fase de conclusão. O mais atrasado é o posto da BR-101/BR-116, que liga Curitiba a São Paulo, na região de Campina Grande do Sul. A construção da unidade deve começar nos próximos dias. Será necessário fazer adequações viárias e de sinalização, o que consumirá mais tempo e recursos, de acordo com a Adapar. “Enquanto não temos a estrutura física, estamos operando de forma volante, com 11 vans preparadas para fazer a fiscalização móvel, com o auxílio da Polícia Rodoviária”, esclarece Kroetz.
De acordo com o MAPA, a partir de outubro de 2019, o ministério deverá determinar restrições à entrada de animais de outros estados, exceto Santa Catarina. Com isso, haverá tempo para corrigir inconformidades e para que o setor se organize para atender antecipadamente à restrição.
Calendário
A DSA avisa que, de qualquer forma, em maio do ano que vem os criadores paranaenses serão obrigados a vacinar os rebanhos com idades de até 24 meses contra a aftosa, conforme determina o calendário oficial de vacinação. Atualmente, o rebanho bovino e bubalino brasileiro possui 217 milhões de cabeças. Na próxima quinta-feira (1º), começa a segunda etapa de vacinação contra a febre aftosa.
Para o diretor da DAS, Guilherme Marques, o Paraná tem condições de avançar na retirada da vacinação, pois se organizou e montou controles de fronteira. Estes controles, segundo ele, deverão ser realizados no Norte do estado, juntamente com os estados vizinhos. “Foram construídos postos fixos de fiscalização de trânsito, com equipes que vão permanecer dia e noite”, disse Marques.
Antecipar o fim da vacinação, significa, segundo Kroetz, que o patrimônio agropecuário do estado está protegido por um sistema de alerta e contenção eficiente da doença e, ainda, que pode proporcionar aos produtores do estado vender a carne para um mercado internacional que paga mais.