Um manifesto assinado por cerca de 200 associações, cooperativas e sindicatos ligados à agropecuária paranaense foi entregue ao governador Beto Richa pedindo que o estado prossiga no plano de antecipar o fim da vacinação contra a febre aftosa no rebanho bovino para o início do ano que vem.
Pelo Programa Nacional para Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) do Ministério da Agricultura, o Paraná deixará de vacinar o rebanho apenas em novembro de 2020, alcançando o status de área livre da doença no início de 2023. No entanto, o programa deixa aberta a possibilidade de suspender a vacinação antes, por zonas geográficas, “principalmente se considerar a possibilidade dos estados do Rio Grande do Sul e Paraná demonstrarem condições reais de se antecipar na transição”.
O setor agropecuário entende que o Paraná pode e deve antecipar o fim da vacinação, “para que se obtenha o reconhecimento pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 2020 e não em 2023 ” , e argumenta que “a discriminação e o isolamento do estado no mercado internacional de proteína animal começam a inviabilizar a suinocultura, a produção de leite, a avicultura e a qualidade da carne bovina” . O documento foi entregue ao governador em Palotina, durante inauguração do frigorífico da C.Vale, pelos presidentes da FAEP, Ágide Meneguette, e da Ocepar, José Roberto Ricken.
Confira o manifesto na íntegra:
Manifesto: Por um Paraná livre de aftosa sem vacinação
As entidades ao final nominadas, que efetivamente representam o agronegócio do Estado do Paraná, especialmente do setor agropecuário, solicitam ao governo ações imediatas no sentido de conquistar o mais rápido possível o status de área livre de febre aftosa sem vacinação para o Paraná.
A discriminação e o isolamento do Paraná no mercado internacional de proteína animal começam a inviabilizar a suinocultura, a produção de leite, a avicultura e a qualidade da carne bovina.
Não podemos admitir a defesa de um status que exige vacinação obrigatória a todos apenas para resguardar um pequeno trânsito de bovinos oriundos de outros Estados, ingresso esse que representa menos de 1 % do rebanho efetivo do Paraná, conforme dados divulgados pela Adapar em 2017.
Vale destacar que já sofremos as consequências por sermos barrados em 65% do mercado internacional de carne suína, além de pressionados no setor de lácteos e na avicultura para elevarmos o status sanitário do Estado. Enquanto o mundo expande suas importações, nós paranaenses somos marginalizados no mercado.
Soma-se a esse quadro de atraso os custos e os inconvenientes causados com as campanhas de vacinação, que afetam o bolso do produtor e a qualidade da carne.
As produções de suínos, aves e leite são significantemente superiores, na geração de receitas, divisas, geração de empregos e recolhimento de impostos, quando comparadas ao pequeno comércio de bovinos vivos com os outros Estados.
É importante destacar que os setores interessados na evolução do status sanitário do Paraná têm contribuído ativamente através do recolhimento das taxas da Adapar, bem como com ações em prol da sanidade do Estado. Neste contexto, ressaltamos o empenho das entidades aqui signatárias para a constituição de um Fundo de Apoio à Sanidade para que as medidas necessárias sejam implementadas, com o objetivo de reconhecimento de área livre de febre aftosa sem vacinação para o Paraná. O Fundo está em processo de constituição junto ao Fundepec-PR para que as ações sejam efetivadas ainda em 2017.
Desta forma, senhor governador, manifestamos o total apoio para que o Paraná conquiste o status de área livre de febre aftosa sem vacinação com a maior brevidade possível. O objetivo é antecipar o cronograma sugerido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) na versão inicial do Programa Nacional para Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA) e, assim, buscar maior agilidade para evoluir nas questões sanitárias, para que se obtenha o reconhecimento pela OIE em 2020 e não em 2023.
Para isso, contamos com vosso apoio para que o Estado execute o PNEFA em acordo com o pleito proposto pelo estado e enviado ao Ministério da Agricultura. Ressaltamos, ainda, que a resposta do Mapa atende ao objetivo do pleito: “Considerando-se outras propostas dirigidas ao Bloco IV, ao invés de separar o Estado do Paraná e criar novo bloco, entendeu-se ser melhor reorganizar os blocos IV e V, remanejando-se os Estados do MT, MS e PR para compor o Bloco V com o RS e SC, por apresentarem fronteiras internacionais semelhantes e interesses comuns nesse e outros aspectos. É importante compreender que o Bloco V poderá gerir mais de uma zona no transcorrer do processo, principalmente se considerar a possibilidade dos estados do RS e PR demonstrarem condições reais de se antecipar na transição”.