| Foto: Alceu Nogueira da Gama/Mapa

Uma equipe de oito médicos veterinários brasileiros desembarcou neste mês na Venezuela para ajudar na erradicação da febre aftosa naquele que é o único país das Américas ainda não reconhecido como livre da doença, em todo o seu território, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

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O setor privado brasileiro doou 21 milhões de doses da vacina a serem aplicadas no rebanho bovino venezuelano.

A estratégia de atuação conjunta está prevista numa resolução da Comissão Sul Americana da Luta contra a Febre Aftosa (Cosalfa), de abril deste ano, que reconheceu “a necessidade premente dos 13 países membros apoiarem a Venezuela”, sob a coordenação do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa).

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“Não é simplesmente uma questão humanitária, mas de estratégia e segurança. Existe um plano hemisférico de combate à doença”, diz Guilherme Marques, diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura e delegado do Brasil na Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

Em um primeiro momento, o desafio para o serviço veterinário brasileiro é criar uma zona de proteção de 180 km2 contra a doença em Pacaraima, município de Roraima na fronteira com a Venezuela.

Ao longo de uma linha de fronteira de 33 quilômetros, Pacaraima faz divisa com Gran Sabana, o maior município de Bolívar, que é o maior estado da Venezuela: 240.528 quilômetros quadrados, ou 26% da área total do país.

“Nessa zona de proteção”, diz Guilherme Marques, “estabelecemos medidas de controle mais severas. As ações são mais fortes, mais incisivas do que no restante do estado de Roraima”.

A parceria Brasil-Venezuela começou a ser construída em Pirenópolis, Goiás, em abril de 2017, quando as autoridades veterinárias dos dois países decidiram pela vacinação dos rebanhos bovinos e de búfalos num raio de 15 km, traçado de ambos os lados, em paralelo à linha de fronteira.

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Panaftosa

Em setembro de 2018, brasileiros e venezuelanos reuniram-se novamente em Pacaraima e firmaram o compromisso de realizar a ação conjunta em todo o território da Venezuela. O setor privado brasileiro doou 21 milhões de doses de vacinas, que estão sendo administradas pelo Brasil e Venezuela, sob a custódia e coordenação do Panaftosa.

As primeiras vacinações foram aplicadas em 18 cabeças de gado no último dia 9, na comunidade indígena de Acurimã, município de Gran Sabana. Os bois e vacas tiveram que primeiramente ser laçados no campo e contidos por auxiliares. Nesse método, o aplicador espera o momento certo para injetar a vacina com uma pistola e tem que ser ágil para escapar da reação imprevisível do animal.

O plano de erradicação na Venezuela prevê três vacinações anuais para imunização do rebanho estimado em 15 milhões e 450 mil cabeças, segundo dados da Cosalfa-OIE de 2017: duas vacinações de todos os animais e uma vacinação somente de animais jovens.

A zona de proteção em Pacaraima deverá ser mantida enquanto Venezuela e Colômbia avançam na erradicação e controle da doença. A estimativa para alteração significativa do cenário epidemiológico na Região Andina é de dois a quatro anos.

Todo o Brasil foi reconhecido livre com vacinação pela OIE em maio de 2018. A exceção é Santa Catarina, livre de aftosa sem vacinação desde 2007. Atualmente, as principais ameaças à saúde do rebanho bovino brasileiro – o maior do mundo, com 219 milhões de cabeças – estão ao sul da Venezuela, na fronteira seca da Região Norte do Brasil, em Roraima, no município de Pacaraima.

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