Uma unidade frigorífica da cidade de Umuarama, Noroeste do Paraná, vai fechar as portas a partir do dia 1º de junho e deixar cerca de 1,5 mil pessoas sem emprego. O complexo industrial é uma filial da Averama, empresa que já chegou a abater 280 mil frangos por dia no seu auge - O Paraná abate aproximadamente 4,6 milhões por dia. A companhia, com sede na cidade de Rondon (a 95 km de Umuarama), diz que pretende manter as atividades na matriz. O que não está definido, como denuncia o sindicato dos funcionários da fábrica, é como ficará o pagamento dos direitos trabalhistas dos funcionários.
O presidente do Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Alimentação de Umuarama e Região, Adenilson do Amaral, diz que a companhia propôs o parcelamento das dívidas trabalhistas em meio salário mínimo até que o valor de 13º, férias e outros benefícios sejam quitados. Para ele, mesmo que haja uma proposta a ser apresentada em assembleia, não há solução fora do judiciário. “Estamos ingressando com uma medida cautelar para tentar apreender bens da empresa e garantir os pagamentos no futuro”, disse.
A funcionária do frigorífico Vanessa da Sales Leão conta que nos últimos dias alguns empregados começaram a ser dispensados por motivos que até então eram menos cobrados. Ela conta, por exemplo, que o controle das pausas de 10 minutos para ir ao banheiro ficou mais intenso. Descontos nos salários e advertências se intensificaram e ela acabou sendo demitida por justa causa. “Não tem como eu procurar outro emprego, porque como eu vou procurar outro emprego se eu fui demitida por justa causa? Estou esperando o que eles vão resolver para recorrer aos meus direitos”, relata.
Empresa culpa crise nacional
A reportagem entrou em contato com a empresa para solicitar uma entrevista. Como resposta, o setor jurídico da companhia enviou uma nota e um link de uma matéria do jornal Umuarama Ilustrado. A nota culpa a crise econômica nacional, a instabilidade econômica e os altos preços dos insumos pelo fechamento. O documento enfatiza em um parágrafo que “a situação não é exclusividade da Averama Alimentos.” Na entrevista que deu ao jornal local de Umuarama, o presidente da empresa Célio Batista Martins Filho disse que a elevação nos custos de produção – especialmente o aumento de 70% na energia elétrica – foram os responsáveis pela situação de crise que levou o fechamento da unidade.
A reportagem não localizou o prefeito de Umuarama para comentar o caso até o fechamento desta matéria. A prefeitura, no entanto, divulgou uma nota citando o caso da Averama como um exemplo dos reflexos da crise econômica no Brasil. “O que no nosso caso pode ser feito, estivemos fazendo na semana passada [em Brasília], quando prefeitos do Brasil inteiro estiveram reunidos pressionando o governo para a implantação de mudanças que promovam a retomada do desenvolvimento dos municípios, que é onde está estabelecida a base da economia”, disse o prefeito Moacir Silva no documento.