“Não à carne com hormônio do Canadá!” e “Não queremos grãos canadenses com glifosato!” foram algumas das palavras de ordem gritadas nesta quarta-feira (5), em Roma, durante um protesto convocado pela principal federação do setor agrícola da Itália, a Coldiretti, contra a ratificação do tratado de livre comércio entre a União Europeia e o Canadá (Ceta).
O tratado comercial já foi aprovado tanto pelo parlamento da União Europeia como do Canadá, mas antes de entrar em vigor terá ainda de ser validado pelos parlamentos dos 28 países-membros do bloco econômico europeu.
Com faixas e cartazes protecionistas, do tipo “Amamos a Itália e a nossa agricultura”, os manifestantes expressam a preocupação de que o país acabe inundado com produtos agrícolas canadenses, já que se o tratado entrar em vigor 90,9/% de todas as tarifas agrícolas serão eliminadas imediatamente pelo lado canadense, e 92,2% pelo lado europeu.
Entre os produtos considerados sensíveis e que não terão tarifas zeradas pelo Canadá estão os lácteos, que continuarão com Cotas Tarifárias Unilaterais (TRQ). Já para as importações de frango, peru, ovos e derivados não haverá qualquer redução tarifária porque o Canadá mantém em seu próprio território um rígido controle da produção por sistema de cotas. Para os europeus, o acordo significará livre acesso ao mercado canadense de produtos agrícolas processados, como vinhos, licores, refrigerantes, massas, biscoitos, frutas e vegetais industrializados.
A União Europeia manterá as Cotas Tarifárias Unilaterais em sua própria lista de produtos sensíveis para importação, como as carnes bovina e súina e o milho em conserva. Serão mantidas as tarifas atuais para entrada de carne de aves (frango e peru), ovos e derivados.
O valor do comércio bilateral entre União Europeia e Canadá, que envolve um mercado de 550 milhões de pessoas, alcançou 243 bilhões de reais em 2015.
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