A suinocultura e a avicultura já elegeram o vilão de 2016. Com a redução da área de plantio de verão, os estoques baixos e as exportações aquecidas, o milho, essencial para a produção de ração, se transformou em artigo de luxo. A cotação do cereal foi inflacionada, elevando o custo de produção a patamares inviáveis, segundo as duas cadeias de carne do agronegócio.
43 milhões
de toneladas de milho serão consumidas pela indústria de alimentação animal em 2016, principalmente para a produção de ração para frango. A quantidade representa quase metade da safra 2015/16 do cereal, que deve render mais de 85 milhões de toneladas.
Nos últimos 12 meses, o preço do milho aumentou 42%, saltando de R$ 20,73 a saca em janeiro de 2015 para R$ 29,60 no primeiro mês deste ano no Paraná, de acordo com levantamento da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Em várias praças do país, a saca do cereal chega a bater na casa dos R$ 40.
“A situação está complicada. A cotação do milho está fora da realidade. Com a queda no preço do suíno, não é possível encontrar um ponto de equilíbrio”, define Jacir Dariva, presidente da Associação dos Suinocultores do Paraná (APS). “Se essa crise persistir por mais algum tempo, muita gente irá migrar do setor independente para as integradoras. Ou mesmo abandonar a atividade, pois não vão aguentar esse ritmo”, complementa.
Na semana passada, o governo federal realizou um leilão de 150 mil toneladas do cereal na tentativa de minimizar a situação. Porém, a medida isolada, até o momento, representa pouca coisa, segundo o consultor Fabiano Coser. “A quantidade leiloada é pouco superior ao consumo médio diário apenas para a alimentação animal, hoje na casa das 120 mil toneladas”, diz.
Conforme estimativas do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o setor irá utilizar 43 milhões de toneladas do grão em 2016.
Alternativas
Diante de um cenário adverso, os setores buscam alternativas para minimizar os efeitos do milho caro. O Grupo GTFoods, de Maringá, no Norte do estado, diversifica as operações de compra do cereal. Cerca de 10% das 480 mil toneladas utilizadas anualmente são adquiridas de pequenos produtores da região, 30% de cooperativas e o restante no mercado spot.
“É assim que nos defendemos. Essas ações preventivas são para evitar surpresas”, aponta Vitor Bellizia, diretor financeiro da empresa.
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