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 A busca pelo máximo aproveitamento da terra está transformando a forma de produção do maracujá no litoral do Paraná. Os produtores do fruto tropical, característico do Brasil, estão utilizando a estrutura de palafitas e aramado -- que pode custar R$ 30 mil por hectare -- para plantar verduras e legumes de forma conjunta. O "consórcio", como é chamado o sistema, está permitindo que os agricultores elevem os ganhos financeiros sem comprometer a produção de nenhuma das culturas.

De acordo com dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Morretes é um dos três polos de maracujá do Paraná. O município conta com 100 produtores que cultivam 96 hectares do fruto, com produção estimada em 1,5 milhão de tonelada a cada safra. O principal destino do maracujá é Curitiba, mas, em função da sua qualidade, o fruto acaba chegando a mercados do Rio Grande do Sul e São Paulo. 

“O pessoal do maracujá está aproveitando a estrutura para plantar outra cultura ao mesmo tempo. Geralmente é chuchu, pepino, abobrinha, mandioca, sempre na fase inicial da lavoura do fruto”, explica Ruth Pires, agrônoma do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), responsável pelo acompanhamento das lavouras. “[O maracujá] é uma cultura estável com garantia de mercado e, consequentemente, renda.”

Na propriedade do agricultor Luiz Bartolo Zilli, 76 anos, o fruto convive em perfeita harmonia com o chuchu há três anos em 1,7 hectare. Além desta área, ele tem 1,5 hectare apenas com o fruto e chuchu em 6 hectares exclusivos. 

“Resolvemos fazer a experiência de plantar a muda de chuchu debaixo da rede de maracujá e está dando certo. Como colhemos o fruto de novembro a junho e o legume de abril a dezembro, nunca ficamos sem nada”, conta Zilli, que começou a plantar o fruto na década de 1980. 

Na venda dos frutos classificados como 3A e 2A -- maiores, mais pesados e brilhantes -- Zilli consegue R$ 40 na caixa de 14 quilos. Descontando o custo do frete até a Seasa, em Curitiba, o aluguel das caixas, insumos utilizados na terra e a comissão do proprietário do Box onde o fruto é comercializado, o lucro é de R$ 36 (60% da venda). 

 “O mercado é exigente. Mas com produto bom é possível conseguir um ótimo preço”, afirma. O maracujá que não passa pela classificação é vendido para sorveterias e quitandas da cidade.

O consórcio também foi o sistema adotado por Isaias Pereira Santana Rosa, 48 anos, que optou pela mandioca para dividir a lavoura de 2,5 hectares com o maracujá. Os primeiros resultados já apareceram. Neste ano, o agricultor comprou um trator e planeja, dentro de dois anos, comprar um caminhão que possibilite entregar a produção na Seasa e fugir das mãos dos atravessadores, que ficam com 30% das vendas. 

“A venda da mandioca permite pagar o custeio da própria e do maracujá. Ou seja, a venda do fruto acaba ficando limpa no final”, conta. “Hoje, com o preço das coisas e a pressão por produção, não é possível deixar terra parada.”

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