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Pelas beiradas: Austrália fecha acordo de US$ 400 milhões com a China enquanto Brasil sofre com embargo

Desde a sexta-feira (17) a ordem na China é reter todas as carnes vindas do Brasil nos portos. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Desde a sexta-feira (17) a ordem na China é reter todas as carnes vindas do Brasil nos portos. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Enquanto o Brasil busca uma saída para o embargo imposto pela China às carnes brasileiras após o escândalo da operação “Carne Fraca” da Polícia Federal, a Austrália comemora uma grande conquista justamente para o mesmo segmento no mercado chinês.

A partir de agora, em vez de 11 frigoríficos australianos aprovados para exportar carnes vermelhas frescas para o país, serão 70. O número pode ficar ainda maior, porque criou-se uma espécie de atalho para que os 15 estabelecimentos que já foram auditados em 2015 e abriu-se a possibilidade para outros oito novos credenciamentos.

O entendimento foi anunciado ao fim da visita do primeiro-ministro chinês Li Keqiang aos australianos e contempla também carnes de caneiro e cabras. Pelas contas de sites australianos especializados, trata-se de uma vitória que deve representar cerca de US$ 400 milhões por ano inicialmente.

Hoje, o Brasil tem 65 unidades habilitadas para vender para a China, das quais 57 estão autorizadas a fazê-lo neste momento, já desconsiderados o frigorífico entre s 21 que estão sendo investigados pela Policia Federal que vendia para o país. A verdade é que, na prática, nem quem está autorizado está podendo exportar. Desde a sexta-feira passada, a ordem é reter todas as carnes vindas do Brasil nos portos. A suspensão das importações das mercadorias brasileiras não tem prazo para acabar.

A China é o quarto maior mercado de carnes bovinas da Austrália. As exportações do país passaram de US$ 100 milhões em 2011 para US$ 670 milhões no ano passado. A Austrália sofreu graves consequências da seca nos últimos dois anos, o que abriu espaço para o produto brasileiro no mercado chinês. Produtores e especialistas sabem que os australianos não teriam como preencher o vácuo deixado, no curto, pela suspensão das carnes do Brasil.

Mas este pode ser um sinal de que a China deve endurecer ainda mais nas negociações pelo fim do embargo à carne brasileira. E que não pretende depender do fornecimento do Brasil, hoje o país de quem mais importa carnes no mundo.

As carnes brasileiras voltaram ao mercado chinês em 2015, após um longo embargo de três anos, por conta de casos de vaca louca no país. Já no ano seguinte conseguiu ultrapassar o até então principal fornecedor do país, a Austrália.

O acordo com australianos tem muitos outros pontos em outros setores. Mas é a carne que está sendo considerada a grande conquista.

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