Candidato à presidência do conselho de administração da BRF, o ex-ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, chamou nesta terça-feira (17) uma coletiva de imprensa para se colocar como alternativa para pacificar a empresa.
A BRF, resultado da fusão de Sadia e Perdigão, vive um intenso conflito entre seus principais acionistas, que está ajudando a derrubar as ações, em conjunto com as investigações da Operação Carne Fraca e os fracos resultados operacionais.
No próximo dia 26, uma assembleia de acionistas vai escolher o novo conselho e, por falta de consenso, foi solicitado pela primeira vez o voto múltiplo. Ou seja, os acionistas vão votar em cada conselheiro vaga a vaga e o peso do voto varia conforme a participação no capital da companhia. Já existem 14 pretendentes para os 10 assentos do colegiado.
O nome de Furlan foi sugerido para comandar o conselho pelo empresário Abilio Diniz, atual presidente do colegiado com 3,9% das ações, e pelo fundo Tarpon, que possui 8,55%. Os fundos Petros e Previ, que detém juntos 22% da BRF, sugeriram Augusto Cruz, presidente do conselho de administração da BR Distribuidora.
“Estou me colocando a disposição para ter a sensação de dever cumprido. Tenho o nome da empresa gravado, não na roupa, mas muito mais profundo, no coração”,afirmou Furlan, referindo-se a sua condição de herdeiro da antiga Sadia e de um dos negociadores para a formação da BRF. O empresário é o maior acionista pessoa física da empresa, com 0,78% de participação.
Nos últimos dias, o grupo ligado a Abilio ficou mais otimista com a possibilidade de atrair os votos dos fundos estrangeiros e contrabalançar a participação mais expressiva de Previ e Petros durante a assembleia, por conta de um relatório da International Shareholders Service (ISS).
A consultoria, que é respeitada por investidores institucionais, recomendou voto a favor do nome de Furlan e contra o executivo indicado por Petros e Previ. De acordo com o relatório, os analistas da ISS acreditam que a chapa indicada pelos fundos representa uma mudança muito significativa no conselho da empresa em um momento de dificuldades.
Outro movimento dos aliados de Abilio foi indicar candidatos conhecidos e respeitados pelo mercado para o colegiado: Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Vicente Falconi, consultor de empresas que já trabalhou para a Sadia, e Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura.
O clima já vinha tenso na BRF há meses, mas a guerra entre os acionistas foi deflagrada no início de março, quando Petros e Previ solicitaram a destituição do conselho e indicaram uma chapa alternativa para ser votada na assembleia.
Os fundos, que apoiaram a entrada de Abilio na empresa em 2013, vinham insatisfeitos com a condução da empresa. O empresário havia prometido levar as ações da companhia a R$ 100, mas os papeis nunca atingiram esse patamar. Nesta terça-feira (17), estavam cotados a cerca de R$ 21.
Abilio ainda tentou fazer um acordo com Petros e Previ e compor uma chapa de consenso, mas a iniciativa não foi adiante. Depois disso, o atual conselho da BRF, no qual o empresário e seus aliados detém maioria, propôs uma chapa alternativa. As duas chapas iriam se enfrentar na assembleia, mas acabaram excluídas depois que o fundo britânico Aberdeen pediu voto múltiplo. “Se tem bom resultado, não tem briga entre os acionistas. Agora quando falta milho no terreiro, as galinhas se bicam. É isso que está acontecendo hoje na BRF. A empresa precisa voltar a crescer”, disse Furlan.
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