Depois de resistir a pragas e a um furacão mortal, os produtores de laranja da Flórida estão finalmente tendo um respiro.
Na temporada que começa em 1.º de outubro o estado americano poderá colher 70 milhões de caixas da fruta, segundo traders e analistas ouvidos pela Bloomberg. O número contrasta com o de 44,95 milhões do ano anterior, a menor safra desde 1945, segundo dados do governo. O intervalo de resposta da pesquisa foi de 65 milhões a 80 milhões.
A produção de laranjas da Flórida, estado número 1 em cultivo nos EUA, vem diminuindo há anos devido ao flagelo do psilídeo-asiático-dos-citros, um minúsculo inseto alado que dissemina a doença bacteriana conhecida como citrus greening. O greening dizimou pomares e aumentou os custos de manutenção da safra. No ano passado, o setor também sofreu um golpe com o furacão Irma, porque a tempestade atingiu as árvores em setembro e danificou as frutas.
Os contratos futuros do suco de laranja subiram 17 por cento nos últimos 12 meses, para cerca de US$ 1,59 por libra-peso no pregão de Nova York.
A safra está finalmente melhorando após a melhora do clima e pelo fato de mais produtores estarem desenvolvendo métodos de combate ao greening. Uma produção de 70 milhões de caixas seria a maior em três anos, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (Usda, na sigla em inglês). A agência emitirá sua primeira estimativa para a próxima temporada em 11 de outubro. Cada caixa pesa 41 quilos.
“Muitas árvores parecem muito boas -- as coisas estão melhorando um pouco”, disse Ray Royce, diretor-executivo da Associação de Citricultores do Condado de Highlands, da cidade de Sebring, Flórida. “As folhas têm boa estrutura e os produtores estão trabalhando na nutrição das árvores” para combater o greening, disse.
Os integrantes do grupo, que responde por cerca de 13 por cento da produção do estado, provavelmente colherão até 9 milhões de caixas na próxima temporada, estima Royce. O total contrasta com os 5,5 milhões do ano anterior.
Custos crescentes
A batalha contra o greening aumentou os custos em um momento em que a demanda americana por suco de laranja está em declínio. Os produtores provavelmente estão gastando cerca de US$ 2.100 por acre atualmente, contra US$ 700 há 10 anos, segundo Ellis Hunt Jr., presidente da Hunt Brothers Cooperative, com sede em Lake Wales, na Flórida.
“Realmente não há alternativa, porque se você não gastar dinheiro extra e não oferecer mais cuidado mais rapidamente às plantações, você perde toda a plantação”, disse Hunt.
Mesmo com a recuperação da safra da Flórida, a menor produção do Brasil poderia ajudar a sustentar os preços em um contexto de baixos estoques globais, disse Andrés Padilla, analista do Rabobank International em São Paulo. As safras ruins do ano passado reduziram os estoques mundiais em 22% relação ao ano anterior, para 365.168 toneladas, segundo menor nível desde 1991, segundo dados do USDA.
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