Na foto maior, o modelo como foi encontrado, em estado deplorável de conservação. Na menor à direita, o soldado Elvis exibindo sua aquisição, e na à esquerda o roadster já restaurado na pintura branca original.| Foto: BMW/Divulgação

Um exemplar do BMW 507 já é considerado raro por ter sido produzidas apenas 254 unidades entre 1956 e 1959. Imagine então um que teve como dono o astro da música Elvis Presley! O veículo especial, encontrado abandonado em um galpão de uma fazenda de abóboras no interior dos Estados Unidos, em estado de sucata, voltará oficialmente à vida no próximo dia 21 de agosto.

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Após dois anos de restauração feito pela montadora alemã, a máquina será a principal atração do Concurso de Elegância de Pebble Beach, na Califórnia (EUA). O evento, realizado desde 1950 em Monterrey, reúne carros clássicos e de alto valor. Nenhum, porém, atrairá tanto os olhares do público quanto o 507 que pertenceu ao Rei do Rock, cuja a sua morte completará 39 anos no dia 16 de agosto.

Antes e depois

 
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O roadster de chassi 70079 tem um histórico recheado de reviravoltas. Ele saiu da linha de produção em 1957 como mais um carro de frota da BMW. Era usado para exibições em salões automotivos, avaliações de publicações especializadas e até no cinema - apareceu na comédia musical alemã ‘Hula-Hopp, Conny’.

Chegou a ser conduzido pelo piloto alemão Hans Stuck, contratado pela BMW para acelerá-lo em pistas na Alemanha, Áustria e Suíça. A finalidade era criar a imagem de uma máquina de corrida para seduzir clientes VIPs. À época, o principal concorrente do 507 era o Mercedes-Benz 350 SLR.

O BMW acabou indo parar nas mãos de um vendedor de automóveis em Frankfurt. Em dezembro de 1958 acontece o fatídico ‘encontro’ do 507 com o soldado Elvis Presley, alistado na base americana do Exército na Alemanha. O jovem de 23 anos havia se encantado com o modelo durante o test drive. Elvis já era celebridade quando prestou o serviço militar e pagou US$ 3,5 mil pelo veículo.

Antes e depois

 

Ele passou a usar o 507 para o deslocamento entre a sua mansão que alugara em Frankfurt e a base militar, que ficava nas imediações da cidade. A ideia de Elvis era deixar o 507 em solo alemão ao retornar aos EUA, mas o Exército decidiu importar o conversível para a garagem do músico em Memphis, no Tennessee.

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Segundo reza a lenda, o astro tratou de trocar a pintura original branca pela vermelha para diminuir os estragos provocados pelas fãs que manchavam a lataria com mensagens escritas em batom. Foram dois anos desfrutando do seu ‘brinquedinho’ até decidir vendê-lo para um concessionário da Chrysler.

Em 1962, Tommy Charles, adepto das corridas de carro, adquiriu o modelo por US$ 4,5 mil e o levou para o Alabama. Substituiu o motor 3.2 V8 alemão de 150 cv por um Chevrolet V8 e mexeu também na transmissão e no eixo traseiro. Tommy contabilizou uma vitória numa prova de arrancada em Daytona Beach, na Flórida. Em 1963, passou o 507 adiante, já todo modificado.

Antes e depois

 

Depois disso, o roadster teve outros dois proprietários até ser adquirido pelo engenheiro espacial Jack Castor, em 1968. O novo dono rodou com o automóvel por cinco anos, quando então decidiu restaurá-lo para resgatar a originalidade. O projeto, porém, não saiu do papel.

Colecionador de carros e bicicletas, Castor passou mais de 40 anos garimpando peças e levantando o histórico do carro. Ele, porém, não tinha conhecimento de que o exemplar havia pertencido a Elvis Presley. Durante esse tempo, o 507 ficou escondido num celeiro, todo depenado e deteriorado à espera de restauração.

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A descoberta

Muitos anos depois, o engenheiro leu uma reportagem divulgada na revista ‘Bimmer’, da Califórnia, que falava de um BMW 507 de Elvis, considerado ‘perdido’ e uma relíquia cobiçada pelos colecionadores da marca.

Ele então descobriu que o número do chassi de seu carro era o mesmo 70079 citado na matéria. Castor procurou a publicação e não demorou para que a informação do ‘achado’ chegasse ao BMW Group Classic, departamento de preservação histórica da marca alemã.

Em 2014, a fabricante resolveu investir na restauração do esportivo. A unidade foi encontrada pela marca sem motor e caixa de câmbio, havia ferrugem espalhada por toda a carroceria, corroendo inclusive o piso do veículo. Os bancos estavam todos gastos.

O automóvel foi levado de volta para a Alemanha. No mesmo ano, o 507 de Elvis ficou exposto no museu da BMW em Munique nas mesmas condições de ‘sucata’ que fora descoberto.

Jack Castor, o último proprietário, que guardava a relíquia no celeiro, morreu em novembro de 2014 e não chegou a ver o veículo restaurado.

Restauração

Mas logo o trabalho de reconstrução do carro começaria, com a supervisão do próprio Castor. E seria feito do zero, peça por peça. Além de engenheiros da ‘casa’, a montadora recorreu as especialistas externos em restauração. A maior dificuldade era encontrar componentes para o modelo, raros mesmo no estoque do BMW Group Classic.

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Fotografias e catálogos da época auxiliaram na confecção do painel de instrumentos e revestimentos dos bancos. Impressoras 3D também foram utilizadas para recriar itens impossíveis de serem encontradas, como maçanetas e manivelas dos vidros. Como o motor e a transmissão originais haviam sumido, a solução foi montar um conjunto a partir de peças de reposição da época.

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A empresa bávara seguiu à risca a reprodução do 507, ao ponto de usar técnicas de pintura da carroceria aos moldes dos anos de 1950, e abrir mão das modernas técnicas utilizadas atualmente. Tudo para deixar a pintura com o aspecto de um carro novo daquela época.

Jack Castor não teve a oportunidade de ver sua preciosidade pronta, pois faleceu em novembro de 2014, mas suas exigências na reforma foram cumpridas pela BMW. Agora, caberá aos visitantes do concurso de Pebble Beach reverenciar o valor histórico e o irrepreensível trabalho de restauração deste ícone do mundo automotivo.

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