“Não queremos competir com as vendas do Honda HR-V e Jeep Renegade, mas sim entregar um carro de qualidade superior a tudo que trouxemos até hoje para o Brasil e a um preço bem competitivo”. A frase de François Dossa, presidente da Nissan do Brasil, resume como será a ofensiva da marca com o lançamento do crossover Kicks no mercado brasileiro.
Depois do revelar o visual do carro por meio de uma ação de marketing com atores globais, a Nissan finalmente mostra o veículo por inteiro, ou quase. Resta a confirmação justamente dos preços e a de um segundo motor, mais potente, para se juntar ao bloco 1.6 flex, recalibrado para render 114 cv. Há rumores de que um propulsor 2.0 impulsionará as versões mais caras.
A potência é inferior ao dos rivais traçados pela marca, Honda HR-V (140 cv) e Jeep Renegade (132 cv). Diferença de força minimizada por José Luis Valls, chefe da montadora para a América Latina. Ele diz que o carro é bastante leve, sem apontar valores, e por isso a aposta será na relação peso/potência. “O carro será bastante esperto para a motorização, além de apresentar uma ótima performance no consumo de combustível”, diz.
Na última terça-feira (3), o Kicks surgiu como carro oficial da Olimpíada do Rio e começou a escoltar a Tocha Olímpica, saindo de Brasília (DF) e passando por 328 cidade em 95 dias, totalizando 20 mil quilômetros rodados.O evento esportivo é patrocinado pela marca japonesa.
VÍDEO: Confira os detalhes do Kicks, apresentado mundialmente no dia 2 de maio.
Antes, porém, a montadora realizou a pré-estreia mundial no Rio de Janeiro, exibindo de forma estática a versão topo de linha SL. Não pudemos andar no carro e também abrir o capô para desvendar que propulsor o equipava, mas um documento no porta-luvas revelou que o bloco 1.6 ganharia três cavalos a mais.
Foi possível ainda constatar que François Dossa não exagerou ao qualificar o modelo.
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Por dentro, o acabamento está bem acima de March e Versa. As peças são agradáveis aos olhos e ao toque, com o uso de couro em tom alaranjado (também nos bancos), e de formas arrojadas que transmitem um ar de refinamento.
Ao centro do painel uma tela de 7 polegadas do conjunto multimídia, posicionado logo acima dos botões de comando do ar-condicionado digital, bem diferente do visual ‘plastificado’ visto nos compactos feitos em Resende (RJ).
O console traz um câmbio automático do tipo CVT e, logo ao lado, o botão de partida start-stop, que elimina a chave na ignição. Como o veículo não estava ligado, pouco se viu da tela digital que toma boa parte do quadro de instrumentos e é configurável. Apenas os tradicionais avisos de portas abertas e a de não presença da chave ao apertar o botão de partida.
Do lado direito, fica o mostrador analógico de velocidade, neste caso com um design bastante simples.Nas imagens oficiais distribuídas pela marca, é possível notar que há a opção do velocímetro digital ao centro e a tela digital exibe informações de diversas funções, como conta-giros, computador de bordo, sistema de som, entre outros.
A versão mostrada trazia ainda controle de estabilidade, volante multifuncional, sensores de estacionamento e um sistema de quatro câmeras de 360 graus (Around View Monitor), que auxiliam nas manobras.
Porte de HR-V
O Kicks tem as dimensões e porte do HR-V. São 4,29 m de comprimento, 1,76 m de largura, 1,59 de altura e 2,61 m de entre-eixos. Por enquanto, não há informações oficiais do volume do porta-malas, mas no primeiro contato visual é fácil perceber que ele é maior do que o do Renegade, de 260 litros, e próximo ao do HR-V, de 431 l.
O espaço interno também impressiona. O banco traseiro acomoda dois adultos com bastante conforto para cabeça, ombros e pernas.
“O Kicks irá estabelecer um novo padrão para os carros da Nissan. Vamos surpreender o mercado ao oferecer um produto mais qualificado ao que se vê no mercado”, disse Dossa.
A Nissan tem o hábito de ser mais agressiva na estratégia de preços. Por isso, é provável que o valor inicial do modelo deva girar entre R$ 65 mil e R$ 70 mil, ou seja, abaixo das versões de entrada do HR-V e Renegade, que começam em R$ 76,2 mil e R$ 78,7 mil, respectivamente - os executivos não falaram em Renault Duster, Ford EcoSport e Peugeot 2008.
Visual musculoso
Por fora, o projeto final segue à risca o conceito visto no Salão de São Paulo em 2014. A grade trapezoidal ganha destaque com as bordas cromadas e estilo colmeia. Os faróis são afilados e invadem a lateral, realçando um ‘olhar’ mais invocado do carro. Há vincos por toda a parte, do para-choque ao capô, que transmitem a sensação de robustez. Estilo que se completa com as caixas de roda dianteiras salientes e uma enorme entrada de entrada inferior.
O Kicks também chama atenção pela presença de mais elementos musculosos visto de trás, criados a partir de recortes ousados da tampa do porta-malas e do para-choque. O arrojo do carro se completa pelas lanternas de linhas pontiagudas, estilo bumerangue, que bicam as laterais e a tampa traseira.
Antes vem do México
As vendas do Kicks começam no dia 5 de agosto, data de abertura da Olimpíada. Antes, porém, pelo menos uma unidade do modelo ficará exposta no showroom das principais concessionárias da marca no país. A ideia é realizar a pré-venda do modelo, mediante um sinal, que não teve valor antecipado.
As primeiras unidades chegarão importadas da fábrica de Aguascalientes, no México, que produz o veículo desde março exclusivamente para atender o consumidor brasileiro. “O Brasil será o primeiro país do mundo a comercializar o Kicks. E traremos carros suficientes para suprir toda a demanda, que, esperamos, seja muito forte. E ninguém terá de esperar pelo carro”, diz Ronaldo Znidarsis, vice-presidente de Vendas e Marketing.
O motivo para não iniciar agora a produção nacional está no fato de a planta de Resende (RJ) ainda não alcançar todos os parâmetros exigidos pela marca para fazer o crossover. A fabricação local deverá ocorrer até o fim do ano.
Medalha de ouro
O discurso de vendas da marca é audacioso: buscar a liderança do segmento, o que significa emplacar cerca de 5 mil unidades/mês a partir de 2017, ou seja, dobrar as vendas da montadora no Brasil atualmente. “Queremos ser medalha de ouro no segmento”, brinca Dossa, aproveitando o clima olímpico.
E Resende tem capacidade para atingir tal meta. A unidade pode produzir 230 mil carros, sendo que cerca de 100 mil delas já são destinadas a March e Versa. Sobrariam 130 mil unidades, que atenderiam o mercado nacional e ainda sobrariam para exportar a países vizinhos e outros 80 mercados pelo mundo. “A Nissan vive uma nova fase no Brasil e vamos mudar a visão que o consumidor tem da marca”, conclui Znidarsis.
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