Governo
Algumas marcas estariam isentas do imposto
O decreto do governo diz que carros fabricados no Brasil ficam fora do aumento do IPI desde que algumas regras sejam seguidas, como ter 65% de peças nacionais. Em outubro, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que 15 fabricantes haviam entregado a documentação exigida para não ter o IPI elevado. Ao portal G1, o ministério afirmou que "as empresas que apresentaram a documentação estão automaticamente habilitadas, até 1º de fevereiro de 2012, e não pagarão a mais. Até essa data, elas serão novamente avaliadas". Os nomes das montadoras não foram revelados.
Na última quarta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que pode haver redução do IPI para veículos produzidos no Brasil a partir de 2013. O governo também estaria negociando flexibilizar regras para montadoras interessadas em se instalar no Brasil, devido à dificuldade de iniciar as operações já com 65% de nacionalização. Chery e JAC Motors construirão fábricas no país. A BMW também estuda produzir veículos aqui. No caso da JAC, por exemplo, a previsão é de iniciar as atividades na Bahia com 20% de nacionalização.
Proteção às "marcas nacionais"
Ao anunciar a medida, em setembro, o governo disse que a intenção era proteger a indústria automobilística nacional. Em termos de volume, Argentina e México são os principais fornecedores de carros importados para o Brasil montadoras instaladas no país como GM, Fiat, Ford, Nissan, Peugeot Citroën e Renault trazem de plantas argentinas e mexicanas alguns modelos vendidos aqui. Além de serem excluídos do aumento do IPI, esses carros também conseguem escapar da taxa de importação por terem acordo comercial com o Brasil.
Outras 28 marcas importam toda a sua linha de países que não estão excluídos da alta do IPI. O reajuste atinge sobretudo sul-coreanas e chinesas. A Hyundai, 9.ª colocada no ranking de vendas no ano, tem sete modelos vindos da Coreia do Sul. No Brasil, fabrica só o Tucson. Nenhuma das oito montadoras mais bem colocadas em vendas possui tantos carros importados que possam sofrer aumento do imposto. A Fiat, primeira colocada nesse ranking, não traz nenhum modelo de fora de Argentina e México, assim como a Renault, quinta colocada.
"Compre o seu antes que acabe" e "as últimas unidades sem aumento do IPI" são as frases do momento das marcas que comercializam veículos importados feitos fora da Argentina, México e Uruguai. A volta do reajuste do Imposto Sobre Produtos Industrializados, na última sexta-feira, está fazendo o consumidor ir novamente às compras em busca de estoques com "preço antigo". O que sobrou deles, na verdade, uma vez que nas duas semanas que sucederem o primeiro anúncio da majoração na alíquota, no dia 16 de setembro, a correria às lojas foi intensa. Como resultado: uma limpa na reserva das importadoras que mais vendem no país, como Kia e Hyundai.
Hoje carros como New Picanto e Sportage, da Kia, e Veloster e Elantra, da Hyundai, ou sumiram das lojas ou têm poucas unidades de lotes pré-IPI. Nas chinesas Chery e JAC Motors é possível encontrar toda a linha com preço "velho", porém não passa de três unidades por modelo em cada autorizada.
Então, se você pretende entrar 2012 de carro importado novo, é melhor se apressar. A reposição no estoque já virá com a tabela reajustada. O aumento, que será feito de forma escalonado pelas marcas, poderá chegar a 30% conforme o limite estipulado pelo novo regime tributário para os produtos que não tenham 65% dos componentes nacionalizados. Isso significa que o utilitário esportivo Santa Fé que hoje tem preço sugerido a partir de R$ 115 mil pode custar até R$ 150 mil com os futuros alinhamentos de preço.
Rodrigo Marini, gerente Geral da Slavel Hyundai, em Curitiba, admite que para os próximos meses a reposição do estoque se dará de forma mais lenta do que em épocas anteriores. A loja irá esperar o desenrolar da medida do governo e a própria reação do mercado. "Teremos de trabalhar com fila de espera para determinados modelos", prevê o gerente. Ele diz que alguns clientes estão optando no momento por comprar mais de um carro para fugir da alta. "Essa semana vendi duas unidades do Santa Fé para uma mesma pessoa. O mesmo ocorreu com outras duas do i30 (hatch)".
Para alguns modelos da Hyundai, o volume em estoque na Slavel não passava de uma unidade até quinta-feira passada, como é o caso dos sedãs Elantra e Sonata. Na Sevec, também na capital, ainda é possível encontrar boa parte da linha Hyundai sem IPI, contudo versões específicas do ix35, Santa Fé e Sonata estão em falta. "O estoque deve acabar até o fim do mês", diz o gerente Fábio Zago.
A Kia foi a que mais vendeu em setembro por decorrência do "efeito IPI" cerca de 40% a mais do que agosto. O reflexo disso veio na ausência de carros para suprir a demanda de novembro e dezembro, meses favoráveis para as vendas no setor. Em certas lojas, só é possível encontrar à venda o crossover Soul, o jipão Sorento e o utilitário comercial Bongo Cerato e Picanto, que ao lado do Soul são os líderes em emplacamentos da sul-coreana, só em exposição no showroom.
"Como há falta de Sportage, o cliente está migrando para o Sorento. A procura pelo modelo aumentou, principalmente por que os valores estão próximos (diferença de R$ 21 mil entre as versões de entrada) e a Sorento entrega mais potência e tecnologia", observa Deivison Ferreira, gerente geral da Unika, em Curitiba. A Kia já anunciou que os novos lotes terão, inicialmente, um reajuste de 8,4% (leia mais na página).
O grupo Euro Import, que comercializa na capital as marcas BMW, MINI, Land Rover e Volvo, ainda tem algumas unidades em estoque sem o aumento do IPI e os preços atuais vão durar até janeiro, quando novos lotes serão faturados. "Devemos definir logo os novos valores. O setor está se adaptando e encontrando maneiras de não perder a competitividade e acreditamos que a conquista do consumidor do veículo importado passa mais pela esfera dos benefícios do que do preço", analisa Ricardo Cunha Pereira, diretor da Euro Import Land Rover e Volvo.
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