A Volkswagen anunciou sua intenção de se transformar em líder mundial dos carros elétricos antes de 2025, em uma tentativa de deixar definitivamente para trás o escândalo dos motores a diesel adulterados.
O mercado americano, onde o escândalo estourou, terá um papel-chave nessa transformação, segundo o presidente da marca Volkswagen, Herbert Diess, explicando que o objetivo é começar a construir carros elétricos na América do Norte a partir de 2021.
“Em 2025 queremos vender um milhão de carros elétricos ao ano e também ser líderes mundiais em eletromobilidade”, disse Diess na apresentação de seu projeto, ocorrida nesta terça-feira (22), em Wolfsburgo, sede do grupo Volkswagen que também comercializa outras marcas.
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“O avanço nos carros será o selo da Volkswagen”, ressaltou. No Salão de Paris deste ano, a fabricante revelou o ID Concept, que é tido pela Volkswagen como um projeto para revolucionar o mercado, tal qual fez o Fusca. A estreia do ID no mercado está programado para 2020.
Ele não será o primeiro elétrico da Volks, que já plugou na tomada o up! e o Golf, mas deve ser o pioneiro em diversas tecnologias, entre elas a da condução autônoma total.
Reinventar após ‘dieselgate’
A guinada aos carros elétricos será possível com novos investimentos e economias de escala, segundo Diess, e significa também uma tentativa de reinventar-se após o ‘dieselgate’.
Na sexta-feira (18), a Volkswagen já havia anunciado um plano histórico para reduzir 30 mil postos de trabalho e poupar 3,7 bilhões de euros (R$ 13,2 milhões) ao ano até 2020, aumentando ao mesmo tempo o investimento tecnológico nos carros elétricos e sem motorista e em digitalização.
“Nos próximos dez anos nossa indústria precisa se submeter mais do que nunca a mudanças fundamentais”, falou o executivo, que prevê um avanço significativo dos veículos elétricos nos quatro ou cinco próximos anos, estimulado pelas preocupações ambientais.
“Para a maioria dos consumidores, o carro elétrico logo será a melhor alternativa”, apontou.
A guinada da principal marca do grupo Volkswagen coincide com a vontade de deixar definitivamente para trás sua pior crise da história, quando no ano passado admitiu ter adulterado 11 milhões de veículos a diesel para que parecessem menos poluentes.
Entre os carros afetados estavam modelos Volkswagen, como também de outras marcas do grupo, como Audi, Seat e Skoda.
O escândalo atingiu gravemente as vendas e a reputação de uma das companhias alemãs consideradas mais sólidas até então, levando o grupo a registrar perdas pela primeira vez em 20 anos.
“Eletrizar a América”
Mesmo antes do escândalo, a Volkswagen já tinha problemas de rentabilidade por causa dos altos custos e da baixa produtividade.
“A imagem da nossa marca sofreu com a crise do diesel, muita gente já não confia em nós”, admitiu o presidente da Volkswagen, explicando que seu objetivo é “recuperar essa confiança”.
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Os consumidores americanos foram especialmente duros com a montadora, uma marca que nunca foi muito popular no país.
Isso é algo que a fabricante quer mudar, com uma campanha chamada “Electrify America”, que começará a produzir carros elétricos a partir de 2021.
Alguns especialistas, no entanto, são céticos quanto a essa mudança.
O analista Frank Schwope, do banco Nord/LB, lembra que a Volkswagen já concordou em pagar nos Estados Unidos US$ 14,7 bilhões (quase R$ 50 bilhões) em compensações após o acordo com as autoridades.
Os Estados Unidos “são um poço sem fundo” para a marca considerando que chegarão novas reclamações, considera Schwope.
Ao contrário, Stefan Bratzel, especialista da indústria do automóvel, é mais otimista. “Não será fácil, mas não é impossível porque na América existe uma cultura das segundas oportunidades”, disse.
Segundo as previsões da Volkswagen, sua nova estratégia deveria triplicar a margem de lucro de 2% de 2015 para 6% em 2025.
Uma meta realista, segundo Bratzel, “considerando que os demais fabricantes já estão conseguindo margens parecidas”.
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