Se para alguns rótulos a máxima “quanto mais velho, melhor” encaixa-se perfeitamente, para outros ela é encarada como um mito. Isso porque, ao contrário do que dita o senso comum, a maioria dos vinhos não é feita para suportar o efeito do tempo. “A grande parte dos tintos deve ser tomada em, no máximo, cinco anos. Os brancos comuns aguentam até uns três anos”, esclarece Wagner Bueno, presidente da Confraria Curitibana do Vinho.

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Para os que são elaborados visando a guarda, porém, a espera é compensadora. “A guarda faz com que esses vinhos amadureçam, evoluam. Por isso, está errado dizer que quanto mais velho, melhor. Deveria se falar em quanto mais maduro, melhor”, diz o sommelier Eliseu Fernandes. Ele explica que a bebida pode ser comparada a um ser vivo: nasce, amadurece e envelhece. Se o vinho de guarda for consumido antes da hora, não estará maduro o suficiente para mostrar todas as suas qualidades. Se for bebido depois do tempo, estará velho e terá suas propriedades comprometidas. O ideal, então, é consumi-lo em seu auge.

Como saber, contudo, a idade ideal? Via de regra, Fernandes explica que vale levar em conta o tempo em que o vinho passou armazenado na barrica. “Teoricamente, quanto mais tempo de barrica, mais tempo de guarda”, afirma, citando o exemplo do espanhol Grand Reserva, que fica 24 meses em contato com o carvalho e deve ser guardado pelo período de 10 a 15 anos.

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Como a determinação do tempo ideal depende, além do processo de fabricação, de outros fatores – como o terroir, o tipo de uva e até mesmo a safra – vale a dica de Miguel Carlos Riella, presidente da Sociedade dos Amigos do Vinho do Graciosa Country Club. “Nas importadoras sempre há um enólogo ou sommelier plenamente capacitado para orientar a compra”. Resumindo: na dúvida, não hesite em perguntar.

Guardar ou não

Se por um lado o fato de que a guarda é fundamental para os vinhos complexos não se discute, por outro a opção entre comprar um rótulo e esperar pelo seu amadurecimento ou adquiri-lo pronto para o consumo ainda gera dúvidas entre os apreciadores.

Uma das vantagens de se comprar um vinho de guarda logo depois de seu lançamento – ou seja, quando ainda não está pronto – é o preço. No entanto, a sua guarda demanda alguns cuidados especiais que, se não observados, podem colocar a perder todo o tempo e dinheiro investidos.

“Pode-se, obviamente, comprar um vinho de 10 ou 15 anos, mas certamente se pagará o preço por ele, já que a guarda implica na imobilização de um investimento. É um capital que ficou parado por um tempo e pelo qual se cobrará um retorno”, avalia Riella. A vantagem, porém, encontra-se na eliminação do risco que a guarda sempre implica, seja ele da má-conservação ou até do excesso de tempo de armazenamento.

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Na hora do consumo

Anos de espera podem ser jogados fora se alguns cuidados não forem tomados na hora de consumir, adverte Wagner Bueno. Uma das recomendações é abrir um pouco antes do consumo, para deixar que o vinho seja oxigenado, podendo-se utilizar o decanter para auxiliar nesse processo. “Um grande vinho deve ficar, via de regra, oxigenando por uma hora. No decanter, a bebida terá mais contato com o ar do que se ficasse na garrafa. Além disso, ao deixá-lo “descansar” no recipiente, a borra, comum em alguns vinhos de guarda, vai para o fundo, deixando o vinho mais claro”, explica.