Bom Gourmet
Conheça duas portinhas saborosas no entorno do Mercado Municipal de Curitiba
A simples presença do Mercado Municipal de Curitiba transformou toda a região em seu entorno. Entre estas transformações, outras lojas e pequenos negócios de gastronomia brotaram nas ruas que o cercam. A Al Paso e a Ver o Peso da Amazônia são duas operações - uma na General Carneiro e a outra na Rua da Paz - tão fundamentais como qualquer outra dentro do próprio Municipal. Para chegar a cada uma delas, basta atravessar a rua.
A Al Paso é da elegante Karyne Iancoski. Ela, que já foi dona da Bazar Doce, uma loja no coração do Batel, e chef executiva do empório Bee-O, resolveu partir para uma vida mais simples. Depois de uma passagem pela Casa da Videira, decidiu, junto com o irmão, o designer Gustavo, abrir a Al Paso. De 2020 para cá, vendem empanadas argentinas, chipas feitas na hora e pastéis de Belém, diariamente, além de algumas das melhores esfihas da cidade - essas às quartas-feiras.

Já na Ver o Peso da Amazônia, Ana Suely Bahia de Rezende e a Natasha Rezende de Saliba, mãe e filha paraenses, recebem as pessoas com sorrisos que aqueceriam cada pedaço de chão entre Curitiba e Belém. Ali gosto de pedir um tacacá bem quentinho e comprar garrafas de farinhas de tapioca e de mandioca Bragantina, Unhas de Caranguejo, picolés com sabores do Nordeste, postas de peixes de rios amazônicos, açaí e a melhor tapioca para preparar em casa.
“Atendíamos alguns chefes, entre eles a Manu Buffara. Um foi falando para o outro. Vendíamos tucupi, jambu, cumaru, doce de cupuaçu, poupas integrais de bacurí, de taperebá (...) Seríamos um empório, mas começaram a pedir pratos e lanches, como tacacá, e salgados amazônicos, como a unha de caranguejo e o bolinho de camarão rosa com jambu e tucupi. O tacacá que você gosta é a sopinha do índio. É uma iguaria indígena”, contou a Ana.
O telefoninho dispara a tocar no meu bolso, mas eu não atendo, finjo que não é comigo, que ele não existe. Amo o sotaque da Natasha e da “Mamãe”, entro nas histórias que elas vão contando. Sou um índio de meia idade, de uma tribo no alto do rio Amazonas, nunca vi um celular na vida.

Eu vivo de subsistência, meu alimento sai do rio, cai das árvores ou habita a selva. Eu acordo e vou dormir tomando a minha sopinha, o meu tacacá, pés descalços sobre o chão da floresta. Acabei de fazer 64 anos e sou imenso, uma cidade inteira caberia dentro de mim. Eu tenho o mesmo tamanho, as mesmas cores e os aromas ímpares de um Mercado numa capital no Sul do Brasil.