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Bebidas

Grandes nomes da coquetelaria revelam o que não pode faltar no negroni perfeito

Marina Mori
26/08/2019 21:00
Em 2019, só se fala em negroni quando o assunto é coquetelaria. Justificável: são 100 anos de história e de influências na mixologia durante todo o século 20 e boa parte deste. A combinação das partes iguais de gim, Campari (um bitter feito com 60 ingredientes) e vermute tinto saiu dos balcões italianos logo após o primeiro gole do conde Camillo, a quem o drink é atribuído desde 1919, e hoje faz parte da carta de praticamente todo bar contemporâneo.
Em 2019, o drink italiano negroni completa 100 anos. Foto: Bigstock
Em 2019, o drink italiano negroni completa 100 anos. Foto: Bigstock
Apesar de parecer simples, um bom negroni não se faz de qualquer jeito. Mas, além da qualidade dos ingredientes, regra fundamental de qualquer preparo gastronômico, o que precisa ser seguido à risca para não errar no drink?
Para responder a esta pergunta, o Bom Gourmet conversou com três referências da coquetelaria: o italiano Luca Picchi, autor de dois livros sobre negroni, e os brasileiros Marco De La Roche (editor do portal Mixologynews, à frente do podcast BarTalks e embaixador do Bar Convent SP) e Gabriel Santana, vencedor do World Class Competition 2019. A seguir, veja quatro passos elencados por eles para preparar um negroni perfeito.

Temperatura

Um bom negroni deve ser servido gelado – mais especificamente, entre 0 e 5 graus C logo ao primeiro gole. Quanto mais tempo essa temperatura se mantiver durante o consumo, melhor. Conforme a bebida esquenta, a sensação alcóolica aumenta e a doçura do Campari e do vermute se pronuncia, o que não é considerado bom pelos especialistas. “Por ser uma mistura de três bebidas diferentes, o negroni tem que ser equilibrado. Você tem que conseguir sentir a nota das três ao mesmo tempo e a diluição adequada é fundamental para isso”, pontua De La Roche.
Ou seja: o gelo precisa derreter lentamente. A melhor forma de fazer isso é preparar o drink com gelos supercongelados e com o máximo de cubos possível. “O mixing glass tem que ter muito mais gelo do que líquido. As pessoas acham que deve ser o contrário, mas isso é uma confusão”, comenta Santana. Bastam 15 a 20 segundos da bebida em contato com as pedras para o coquetel gelar antes de chegar ao copo.

Casca de laranja

Tradicionalmente, a casca de laranja torcida é a cereja do bolo do negroni, mas há quem prefira a fatia da fruta mergulhada na bebida. Para os especialistas desta matéria, a casca torcida é unanimidade. “Antes de chegar na boca você já tem uma explosão de aromas, perfuma todo o copo”, explica o campeão do World Class Competition, Gabriel Santana.

Copo baixo e gelo

O copo baixo de vidro é marca registrada do drink. Formatos arredondados ou quadrados, assim como a espessura do recipiente, entram na lista das licenças poéticas permitidas. Na hora de servir, porém, não se deve abrir mão de um gelo grande e maciço. “Ganha ponto se tiver essa característica porque ele ajuda a manter a temperatura baixa”, afirma o bartender Marco De La Roche.
Para o italiano Luca Picchi, até mesmo a cor do gelo (ou melhor, a falta dela) é imprescindível para uma boa apresentação. “Deve ser o mais transparente possível, não só pela estética, mas também para que dilua uniformemente”, reforça. Em geral, o melhor é usar água mineral ou filtrada – e também fervê-la duas vezes (deixando a água esfriar entre uma fervura e outra) antes de congelar. Isso ajuda a eliminar uma parte do oxigênio presente na água.

Variações

Sim, é possível investir em outras versões sem perder a identidade marcante do coquetel italiano. O segredo é conhecer sua história e entender o que já foi feito com a tríade gim-Campari-vermute. “A partir disso, vale tentar buscar conexões sensoriais através de ingredientes que vão funcionar como um adereço de sabor”, comenta De La Roche.
Entre as sete releituras que o bartender criou para o tradicional Riviera, de São Paulo, estão as que levam café, caramelo e até mesmo frutas vermelhas. No Benzina, também de São Paulo, Gabriel Santana brincou com a adição de outros destilados, como a tequila. Já o italiano Luca Picchi tem uma versão preferida, que deixa o negroni mais leve e gaseificado: uma dose de tônica de gengibre.
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