Receitas e Pratos
Comida de Tigela: dicas para criar um bowl colorido e saboroso
Se algum dia as tigelas eram usadas apenas para misturar ingredientes ou servir o cereal matinal, já não lembramos mais. Há alguns anos, a cumbuca tem subido na hierarquia da mesa posta — chamadas de bowls (seu sinônimo, só que em inglês), fazem o maior sucesso em restaurantes que prezam por uma pegada descomplicada e contemporânea. Dos caldos, sopas e afins, passou a servir também os pratos principais. “A ideia do bowl é facilitar”, crava Leandro Ling, sócio-proprietário do AIPO Superfoods. No restaurante, as cumbucas ganharam um upgrade: vão do formato clássico até peças inspiradas na flor vitória régia, todas em cerâmica artesanal.
Na contramão das louças com grandes abas trabalhadas, usadas principalmente nos restaurantes de alta gastronomia, os bowls passam a sensação de comida farta: todos os ingredientes ficam ali, juntinhos. E, por isso mesmo, a forma de servir influencia a própria concepção da receita: é preciso levar em conta que a cada garfada ou colherada, os ingredientes vão se misturar. Nesse contexto, o segredo do bowl é criar uma composição pensando que tudo precisa combinar — o que vale, é claro, para qualquer refeição, independentemente da louça em que for servida. Mas no caso dos bowls, o molho da salada, por exemplo, precisa ser pensado também enquanto molho da proteína, dos vegetais, das castanhas… No final, ele vai acabar acompanhando tudo o que estiver no bowl.
Na hora de montar

Por isso, Luciana Okahara, sócia-proprietária do GreenGo Vegetariano, enfatiza a importância de pensar na montagem do prato. “Apesar do bowl ser essa louça aconchegante, se você coloca de qualquer jeito, vai ficar esquisito.” No restaurante, o carro-chefe é o Buda Bowl, um prato montado de acordo com o gosto do cliente. Para a montagem, a louça é dividida em quatro partes, para evitar que os alimentos se sobreponham — proteínas, saladas frias, legumes quentes e carboidratos, cada um em seu canto. O que vai por cima são os molhos, o crocante e o broto de trevo, que ajuda a dar altura ao preparo. Além do sabor, a combinação de texturas é o grande trunfo do Buda Bowl, que em um mesmo recipiente aposta na junção de elementos mais sequinhos, como bolinhos proteicos, com outros mais úmidos, como molhos e purês. “Para mim, o bowl perfeito tem duas coisas: sabores bem diferentes, para ele não ser igual o tempo todo e você poder ter várias experiências ali dentro, a cada colherada; e textura, porque ele não pode ficar parecendo uma papa ou muito seco”, aponta Luciana.
Mais cores
Tanto no GreenGo quanto no AIPO outro ponto que chama a atenção é a cor dos preparos. Diversificar os tons ajuda a delimitar os espaços, tão disputados dentro da louça. No poke, que recém entrou para o cardápio do AIPO, há nada menos do que oito cores diferentes dentro do bowl: tomates, tofu, cenouras, cogumelos, repolho roxo, chips de banana-da-terra, alga-nori, edamame e arroz. No GreenGo, além dos legumes, os purês coloridos que, variam conforme a estação (laranja, de abóbora cabotiá; roxo, de beterraba com alho torrado; amarelo, do purê de batata doce), ajudam a deixar o prato ainda mais apetitoso também para os olhos.

Por fim, outro detalhe que impacta a construção do bowl é o tamanho e a rigidez dos alimentos. “Segura-se com uma mão, come-se com a outra. Para montar um bowl prático, a dica é usar ingredientes que você sabe que não vão precisar da faca”, aponta Leandro. Ficam na mira as carnes, que devem então ser cortadas de forma a dispensar a faca, ou substituídas por peixes, mais fáceis de serem cortados com o próprio garfo. Legumes em tiras ou cubos, pequenos bolinhos, saladas miúdas e fáceis de manusear, além dos grãos, colaboram para montar um prato diverso e com o tamanho adequado. “Carnes, palmito assado, itens muito compridos, sempre corte em pedaços menores. Até o brócolis, por exemplo, se os floretos estiverem muito grandes, não dá para acomodar dentro da louça”, aponta Luciana. A qualidade da apresentação final será a soma dessas etapas com os detalhes da finalização. Uma louça bacana, o uso de flores comestíveis e sementes coloridas, como a de abóbora, ajudam a dar o toque final.
Versão doce

Para as receitas doces, tenha as mesmas dicas em mente: aposte na mistura de texturas, brinque com as cores e não esqueça de pensar na melhor forma de acomodar tudo dentro do bowl. Uma sugestão simples e rápida é usar uma base de smoothie feita com frutas congeladas batidas no liquidificador. A banana, junto a outras frutas de sua preferência, resulta na base ideal, porque confere cremosidade. Mas ela também pode ser substituída por iogurtes ou um leite vegetal superconcentrado, como o de castanha de caju ou coco. Você terá o creme perfeito para um bowl, que pode acompanhar cereais, castanhas, frutas secas e o que mais vier à mente — algo crocante e sequinho, para contrastar com a base cremosa. Mas Luciana lembra que textura não é tudo. “Tudo precisa ter sabor. Esse crocante, não adianta ser uma semente que não tenha gosto. Crocante de amendoim, as granolas, elas também podem trazer sabor para os pratos”.
E aí, já pensou em servir o almoço de amanhã em um bowl? A seguir, uma receita fácil e rápida do AIPO Superfoods para você testar todo o potencial da cumbuquinha nossa de cada dia.

- 250g de batata salsa
- 65g de cogumelo Paris
- 65g de cogumelo Shitake
- 10g de folhas pequenas variadas
- Salsinha e cebolinha a gosto
- Para a Marinada: l 70ml de suco de laranja pera
- 10ml de suco de limão
- 50ml de shoyu de coco
- 1 colher de café de alho em pó
- Cozinhe a batata salsa e, em seguida, bata em um liquidificador. Enquanto isso, limpe os cogumelos e corte-os em fatias finas.
- Em um bowl, misture todos os insumos da marinada e bata com um mixer. Reduza em fogo baixo até encorpar. Adicione os cogumelos e reserve.
- Em outro bowl, sirva o purê de mandioquinha e, em seguida, adicione a marinada por cima. Finalize com salsinha, cebolinha e microfolhas a gosto.
Para o bowl ficar bonito
- Escolha os ingredientes pensando na combinação de cores.
- Combine também com a cor da louça. Cerâmicas artesanais estão em alta!
- Para dar um toque especial, use recursos como flores comestíveis.
Para o bowl ficar gostoso
- Combine texturas, como cremosidade e crocância.
- Evite colocar preparos que demandem o uso da faca.
- Lembre-se de que todos os ingredientes vão acabar misturados no bowl.