No início da década de 1980, o empresário curitibano do ramo de móveis Bernardo Troib precisava diversificar a renda da família após sofrer com a grave recessão que assolava o país no fim da ditadura militar. Como costumava assar em casa um churrasco que arrancava elogios de amigos e clientes, investiu na abertura de uma churrascaria.

Batizou o novo empreendimento com o apelido dado por um sobrinho, que quando criança não conseguia pronunciar seu nome. Em 1.º de novembro de 1983 a Badida Carnes Nobres abriu as portas em um casarão da Avenida do Batel como pioneira no conceito de churrascaria de cortes nobres servidos à la carte.

Desde 1997, a casa é comandada por um dos filhos do Badida – Joel Troib juntamente com a mulher Rejane Troib. Nestes 35 anos, a churrascaria não promoveu nenhuma mudança significativa no cardápio. Claro, entraram novos cortes – principalmente os internacionais – que em meados da década de 1980 não existiam nas churrasqueiras brasileiras, como carré francês, ojo de bife, assado de tira e t-bone.

Porém o conceito, guarnições e demais cortes de carne permanecem os mesmos há mais de três décadas. O cardápio hoje tem cerca de 20 opções de carnes selecionadas, muitas importadas do Uruguai e Argentina. Todos os cortes podem ser acompanhados por 18 opções de guarnições, como duas opções de farofa, polenta frita, cebola assada, maionese e outras combinações tradicionais. A carta de vinhos tem cerca de 200 rótulos. 

Apesar da entrada de cortes internacionais, o carro-chefe e o corte que representa a casa, na opinião do dono, é a tupiniquim picanha — servida da forma tradicional, fatiada e com aquela borda de gordura tostadinha de dar água na boca. A porção de 350 gramas vai à mesa aos poucos, para ser degustada sem pressa.

Outra coisa que não mudou — e nem poderia — é o couvert, servido do mesmo jeito desde a abertura da casa há 35 anos: salada mista de alface americana, tomate e cenoura ralada; antepasto de berinjela e azeitona, pimentão, champignon, azeite de oliva; e salada de cebola temperada com vinagre e salsinha.

Uma cesta de pão de queijo quentinho e broas de batata-salsa e de centeio, manteiga e uma porção de azeitonas verdes completam a combinação para abrir o apetite. O couvert  da Badida foi eleito como o melhor de Curitiba no Prêmio Bom Gourmet deste ano, após cinco anos sem vencer a categoria.

“Na verdade uma coisa mudou no couvert, hoje a salada é temperada com molho rosé e batatinha. Antes ela vinha à mesa sem nenhum tipo de tempero. Mas se o cliente quiser como era antigamente, a gente faz”, detalha Joel, quase cirurgicamente.

Quando a família Troib inaugurou a Badida em 1983, a Avenida do Batel já era badalada, mas a especulação imobiliária tornou insustentável a permanência da churrascaria no local. “Eu aluguei esse terreno [na Avenida 7 de Setembro, atual sede da churrascaria] e construí em 10 meses. Boa parte do investimento de R$ 3,8 milhões era próprio”, conta Joel.

No mesmo dia 1º de novembro, desta vez 29 anos depois, a nova sede na Avenida 7 de Setembro foi inaugurada, com casa cheia. Instalada em uma ampla construção, a nova Badida é maior do que a anterior e serve 160 pessoas sentadas no salão, incluindo duas salas privativas usadas principalmente para eventos corporativos que vão desde o café da manhã até jantares (em 2014, Joel abriu outra unidade da Badida no ParkShoppingBarigüi).

Joel conta que a mudança, apesar de positiva, deixou os clientes cativos meio atordoados. Principalmente pela relação afetiva com a velha sede, marcada por almoços e jantares familiares, de aniversário, de noivado e outras lembranças.

“Eu não tinha essa percepção do nosso negócio que a gente faz parte da história das famílias de Curitiba. Quando a gente se mudou, um cliente nosso veio dizer que na antiga sede era o local do primeiro encontro dele com a namorada. Só então eu fui pensar nisso, nessa importância que temos na vida das pessoas”, conta.