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Jantares temáticos em trem de luxo estão de volta; veja como é a experiência
Já imaginou fazer um jantar completo a bordo de um trem de luxo, com direito a uma seleção de vinhos e atmosfera que remete ao famoso Expresso Oriente, cenário de histórias de escritores como Agatha Christie e Paul Valéry? Em tempos de pandemia, com as fronteiras praticamente fechadas, é possível sentir um pouco dessa experiência em Curitiba, sem sair da cidade. O Bom Gourmet embarcou no Expresso Classique, da Serra Verde Express, que voltou a realizar jantares na última sexta (8), com foco no Dia das Mães. A próxima viagem está marcada para o Dia dos Namorados e o trem parte no dia (12).
O ponto de encontro para o Expresso Classique é na plataforma da estação ferroviária, de onde parte a locomotiva. Já na entrada, depois de ter a temperatura corporal medida, por conta dos cuidados da pandemia, a recepção vem com espumante para os convidados entrarem no clima. Quem preferir, pode tomar uma cerveja. Ao fundo, música ao vivo e alguns lounges separados, para que a manutenção do distanciamento enquanto a entrada nos vagões não é liberada.

Enquanto os passageiros esperam o embarque, na cozinha, instalada em um vagão específico, o ritmo de trabalho é acelerado. "A cozinha é super bem equipada e dá tudo certo", explicou o chef Felipe Leite, da Salgemma Gastronomia, chef convidado para assinar o menu da noite. Na verdade, parte dos preparos é feita com antecedência e só a finalização e preparação, por exemplo, da carne, é feita pouco antes de servir.
Quando chega o momento de embarcar no trem de luzo, os passageiros são divididos conforme o vagão disponível na hora da aquisição do pacote. São seis opções, que incluem um vagão com camarotes exclusivos. O nosso é Imperial, com mesas dispostas respeitando o distanciamento social e em um ambiente cuidadosamente pensado pela arquiteta Lucille Amaral, que assina o projeto com inspiração clássica e requintada, que inclui poltronas de couro com capitonet e móveis com o brilho do verniz.

Uma curiosidade: como o trem se movimenta, a mobília é fixa no chão - em alguns momentos, quase que instintivamente, tentamos aproximar a cadeira da mesa, obviamente sem sucesso. No dia da viagem, copos e talheres estavam cobertos com sacos plásticos, também como medida preventiva durante a pandemia.
O passeio começa com duas entradas servidas à mesa, para serem consumidas à temperatura ambiente: quinoa com crisps de espinafre e castanhas-do-pará e creme de aipim com queijo coalho e brunoise de bacon. No menu democrático, os vegetarianos também têm opções. As entradas podem ser acompanhadas por bebidas que devem ser pagas à parte , que incluem uma seleção de vinhos, whisky, refrigerantes e água.

A degustação das entradas é feita enquanto o trem se desloca da estação ferroviária ao bairro Jardim Botânico. Não, não é possível avistar o cartão postal instalado no bairro, mas o passeio, mesmo que rápido, cumpre o papel de proporcionar uma breve experiência do que é jantar em um trem, algo comum em locais como a Europa, mas pouco acessíveis no Brasil, cuja malha ferroviária é muito mais utilizada, atualmente, para transporte de cargas do que para entretenimento.
De volta à plataforma, a refeição prossegue com mais uma entradinha: uma salada de palmito com pupunha, camarão, banana-da-terra e castanha, que tem tudo a ver com o nome do trem: Litorina. Os produtos usados remetem diretamente aos pontos dos passeios recorrentes da Serra Verde Express, que desbravam a Serra do Mar e têm como destino Antonina e Morretes, no litoral do Paraná.

Como prato principal, são três opções, escolhidas na hora da compra do bilhete: peixe na crosta de ervas com risoto de beterraba e leve toque cítrico, mignon com cebolas caramelizadas acompanhado de sofioti recheado com brie e damasco. A mesma massa faz parte do prato vegetariano, que leva um mix de cogumelos no lugar da carne. Sem surpresas, o mais pedido foi a dupla carne e massa, queridinha dos curitibanos. Também foi a nossa escolha: a carne veio em forma de um filé alto, ao ponto, com a massa cozida no ponto certo para dar aderência ao molho Alfredo e toda a sua cremosidade.

Para fechar, uma generosa fatia de cheesecake, finalizada com calda de frutas vermelhas e servida com café, mesmo que já passasse das 22h de uma noite fresca de outono. Ao final do banquete, os comensais deixam os vagões ainda ao som da música ao vivo e, depois de acertar a conta das bebidas, se despedem da noite diferente, com uma experiência gastronômica com gostinho de viagem, mas sem sair da cidade.
De acordo com o presidente da Serra Verde Express, Adonai Arruda, o retorno do passeio com todos os cuidados exigidos durante a pandemia marca o desejo de voltar a oferecer uma opção diferente para o público, que inclui toda a experiência gastronômica. "A intenção é trazer uma experiência, unindo passeio ferroviário, personalização e serviços com garantia de ponta em ambientação adequada, juntando todos os principais pontos de bons serviços". Nos meses que seguem, a intenção é promover uma viagem por mês em datas temáticas, com o comando da cozinha podendo variar, para dar mais diversidade ao menu e novas experiências àqueles que desejarem repetir a dose.
O próximo Expresso Classique já tem data marcada: será no Dia dos Namorados, que neste ano cai no sábado. Mais uma vez, o menu será assinado pelo chef Felipe Leite, da Salgemma Gastronomia. O valor do jantar completo será R$ 279 e as reservas, feitas respeitando as medidas de distanciamento, já podem ser realizadas.