A morte de Lala Schneider causou enorme comoção entre os artistas do teatro paranaense. Principalmente, entre aqueles que foram seus alunos, no curso do Teatro de Comédia do Paraná, da Fundação Cultural Teatro Guaíra.

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Em 1993, o ator e dramaturgo João Luiz Fiani decidiu nomear o teatro que abriria com o nome de Lala. Para anunciar o gesto, subiu ao palco do Guairinha no final do apresentação do espetáculo Flô em Palácio de Urubus, dirigido pela atriz e interpretado por Odelair Rodrigues. "Ela ficou muito emocionada e sempre contava isso com alegria", relembra.

Fiani foi aluno da atriz aos 15 anos, no TCP, e desde então atuou ao seu lado em diversas peças . A convivência mais intensa foi em O Vampiro e a Polaquinha, de Ademar Guerra, que permaneceu oito anos em cartaz e viajou para outras ci-dades. "Passamos um ano no Rio de Janeiro, apresentando a peça com atores como Tassia Camargo e Armando Bogus", conta. Outra peça em que atuaram juntos foi Colônia Cecília, também de Guerra, de 1984. Agora, o ator presta uma homenagem à Lala readaptando o espetáculo durante o Festival de Teatro de Curitiba.

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Infelizmente, Fiani não pôde concluir a tempo a grande homenagem que faria à atriz. Os dois se preparavam para começar a escrever, em abril, o texto do espetáculo Esmeralda – A Vida de Lala Schneider. "É sobre a vida dela, em analogia com a história do teatro paranaense. Infelizmente, será uma peça in memoriam", diz.

As atrizes Regina Bastos e Nena Inoue eram as preferidas de Lala Schneider. Inoue considera-se "aluna, colega e amiga". Ela contracenou com Lala em O Vampiro e a Polaquinha e em outras duas peças de Ademar Guerra, Noite na Taverna e Mistérios de Curitiba. "Há 50 anos, não era fácil para uma mulher fazer teatro. Mas ela era teimosa", conta. Nena cita, entre as qualidade de Lala, a humildade e a extrema lucidez. "Ela dizia que era a primeira dama do teatro paranaense porque as outras atrizes da idade dela desistiram no caminho ou morreram".

A última vez que a viu foi durante o cerimonial de posse da nova diretoria do Teatro Guaíra, em janeiro. "Ela chegou sozinha, de ônibus", conta Rosana Santos. Nena pediu que anunciassem sua presença ao microfone. Diante dos aplausos, Lala não se intimidou em quebrar o protocolo. "Ela se levantou e foi cumprimentar e beijar os presentes", lembra.

Outro aluno que não conteve a emoção ao falar de Lala Schneider foi o diretor Edson Bueno. "Quando comecei o curso, não entendia nada de teatro. De repente, tive uma grande identificação com o modo como ela via o teatro, a loucura e a emoção que ela dizia que devíamos ter no palco", lembra. Para aproveitar ao máximo o aprendizado, Bueno conta que se grudou à atriz. "Ia na casa dela e comia maravilhosamente", conta. O dote culinário é confirmado por Nena Inoue. "Ela juntava os elencos e fazia barreado e polenta".

Em 1986, quando ensaiava o espetáculo A Sedução, dirigido por Edson Bueno, Lala teve um aneurisma. "Ela se recuperou e acabou fazendo o espetáculo. Isso demonstra o profundo amor que ela tinha pelo teatro e pelas pessoas". Bueno cita outras qualidade da atriz: "Generosidade, vibração. Ela era aberta, sem preconceitos".

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