Filmografia
Alejandro González Iñárritu Amores Brutos, 21 Gramas e Babel.
Guillermo Del Toro Cronos, Mutação, A Espinha do Diabo, Hellboy e O Labirinto do Fauno.
Alfonso Cuarón A Princesinha, Grandes Esperanças, E Sua Mãe Também, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban e Filhos da Esperança.
Francisco Vargas O Violino.
O Oscar, premiação máxima da indústria cinematográfica norte-americana, não deveria servir de referência de qualidade para qualquer pessoa que leva cinema muito a sério enquanto expressão artística. O fato de um "cineasta acidental" como Kevin Costner ter sido reconhecido com a estatueta de melhor direção por seu primeiro longa-metragem, o politicamente correto Dança com Lobos, é motivo forte o suficiente para sustentar essa tese.
Em 2007, contudo, o prêmio, pelo menos em sua fase preliminar, prestou um importante serviço à vigorosa produção contemporânea do México. Do total de indicações, nada menos do que 16 nominações reconheciam filmes dirigidos por três autores nascidos além do Rio Grande (ou Rio Bravo, como é chamado no México), que atravessa parte dos Estados Unidos e desemboca em seu vizinho mais ao Sul: Alejandro González Iñárritu (Babel), Guillermo Del Toro (O Labirinto do Fauno)e Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança).
Críticos mais radicais, que defendem com unhas e dentes a soberania dos cinemas nacionais, sem qualquer vínculo com a grande indústria norte-americana, devem torcer o nariz para essa nova onda de diretores mexicanos. Afinal, Iñárritu , Del Toro e Cuarón têm em comum, além da nacionalidade, uma forte ligação com Hollywood. Segundo o pesquisador e professor da Unicamp Fernão Ramos, essa proximidade hoje já seria uma característica da produção mexicana. Possivelmente decorrente da proximidade geográfica entre os dois países.
O importante, no entanto, é lembrar que, apesar de também trabalharem fora do México, Iñárritu e Cuarón realizaram dois dos mais importantes filmes latino-americanos da última década: Amores Brutos e E Sua Mãe Também, respectivamente. Os longas foram grandes sucessos internacionais tanto de público quanto de crítica.
Parceria
Falar de Alejandro González Iñárritu sem também citar o roteirista e escritor Guillermo Arriaga seria um erro. Embora hoje estejam brigados, os três filmes que fizeram juntos Amores Brutos(indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2001), 21 Gramas (Urso de Ouro no Festival de Berlim) e Babel (melhor direção em Cannes) estão entre os mais significativos dos anos 2000.
Em se tratando de cinematografia mexicana, Amores Brutos já é um marco, um divisor de águas. Seus méritos são inúmeros: a narrativa não-linear, na qual três histórias se entrelaçam fora de uma ordem cronológica; a espetacular fotografia expressionista do Rodrigo Prieto (premiado em Veneza este ano por Lust, Caution, de Ang Lee); e o ótimo elenco, que revelou ao mundo Gael García Bernal, possivelmente o ator mais importante do novo cinema latino.
Bernal, que viria a estrelar Diários de Motocicleta, do brasileiro Walter Salles, e o ainda inédito O Passado, do "binacional" Hector Babenco, também protagoniza, ao lado de Diego Luna, o outro grande filme mexicano desta década, E Sua Mãe Também.
O filme de Alfonso Cuarón, escrito em parceria com seu irmão, Carlos Cuarón,tem conteúdo autobiográfico. Conta a história de dois amigos, Julio (Bernal), um rapaz da classe média com uma irmã militante de esquerda, e Tanoch (Luna), filho de um grande empresário. O confronto entre os dois mundos representados pelos protagonistas de E Sua Mãe Também possibilita um retrato nervoso, intenso e bastante crítico do México contemporâneo.
Um outro nome
Além da trinca formada por Iñárritu , Del Toro e Cuarón, há outro diretor que chamou bastante a atenção da crítica internacional em 2005: o estreante Francisco Vargas.
Com seu belíssimo O Violino, premiado na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, o diretor revelou uma outra faceta da produção mexicana atual.
O filme conta a tocante história de três gerações de uma mesma família, unidas pela paixão que partilham pela música.
Don Plutarco (Don Angel Tavira, em atuação sublime), o filho Genaro (Gerardo Taracena) e o neto Lucio são humildes fazendeiros que participam da guerrilha campesina contra o governo militar repressor. Quando os militares invadem o vilarejo, os rebeldes fogem para as colinas, deixando para trás todas as armas. Enquanto os guerrilheiros preparam um contra-ataque, Plutarco se disfarça de inocente violinista e volta ao vilarejo para recuperar o armamento dos rebeldes.
Um pouco na contramão do cinema nervoso, fragmentado e globalizado de Cuarón e Iñárritu , Vargas resgata o lirismo e o faz também com uma cara nova. A evolução de sua carreira merece ser acompanhada com atenção e de perto.
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