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Enquanto Cannes se prepara para uma última explosão de glamour e brilho no domingo, "Volver", do cineasta espanhol Pedro Almodóvar, lidera a lista dos favoritos à cobiçada Palma de Ouro.

A cerimônia de premiação vai encerrar os 12 dias de filmes, festas e negociações nessa cidade da Riviera francesa, e o consenso entre os críticos é que, se este não foi um ano de primeiro nível para o cinema, ao menos foi um bom ano.

Allan Hunter, da revista Screen International, disse que a principal decepção este ano foi a ausência de um filme que provocasse burburinho real entre os 4.000 jornalistas e críticos que acompanham o festival.

O crítico Todd McCarthy, da "Variety", concordou, dizendo que o ano foi mais ou menos excelente, mas que o festival tem sido "estranhamente contido".

Ainda faltam ser exibidos quatro filmes da competição oficial, incluindo alguns possíveis candidatos à Palma de Ouro, de modo que ainda existem incógnitas numa competição que é notória por sua imprevisibilidade.

Outro fator que pode prejudicar as chances de Almodóvar é a reputação do júri de Cannes de dar preferência a filmes de arte complexos, que terão pouco apelo comercial.

- O problema de Almodóvar é que os júris pensam que faltam temas filosóficos em seus trabalhos, o que é bobagem - opinou Mark Cousins, importante autor de trabalhos sobre o cinema.

"Volver" é um dos filmes comercialmente mais viáveis do festival e é estrelado por Penélope Cruz, no papel de uma mulher que trabalha duro e enfrenta o que parece ser o fantasma de sua mãe, que quer resolver os problemas do passado com sua filha.

Outro filme a figurar entre os favoritos é "Babel", do mexicano Alejandro González Iñarittu, que tem performances impressionantes de Brad Pitt e Cate Blanchett numa história abrangente sobre barreiras pessoais, sociais, culturais e políticas.

Os cinéfilos também têm as atenções voltadas a "Climates", do diretor turco Nuri Bilge Ceylan, "Red Road", da novata britânica Andrea Arnold, "As Luzes da Cidade", do finlandês Aki Kaurismaki, e os filmes franceses "Selon Charlie" e "Days of Glory".

"The Wind That Shakes the Barley", de Ken Loach, sobre a luta pela independência da Irlanda em 1920, fez a competição começar com o pé direito, e o filme chinês "Summer Palace", de Lou Ye, foi bem recebido.

Os críticos franceses não descartam a possibilidade de premiar "La Raison du Plus Faible" (A Razão do Mais Fraco), do diretor belga Lucas Belvaux.

De maneira geral, os filmes norte-americanos exibidos em Cannes não satisfizeram as expectativas do público.

O festival foi inaugurado por "O Código Da Vinci", a muito aguardada adaptação de Ron Howard do livro de Dan Brown. O filme veio confirmar o que o diretor descreveu como "falta de conexão" entre os críticos e o grande público.

Apesar de ter recebido resenhas ruins e ter sido vaiado em Cannes, o filme, que custou 125 milhões de dólares, teve uma bilheteria quase recorde em seu fim de semana de estréia.

Dos três filmes norte-americanos a participar da competição, "Maria Antonieta," de Sofia Coppola, foi o mais bem recebido, e, apesar de algumas vaias na sessão em que foi exibido para a imprensa, muitos críticos franceses o cobriram de elogios.

"Southland Tales," de Richard Kelly (criador do sucesso cult "Donnie Darko"), foi descrito como longo, confuso e desajeitado e recebeu a pontuação mais baixo no ranking crítico não oficial em Cannes.

"Fast Food Nation," de Richard Linklater, foi considerado apenas um pouco melhor.

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