O escritor português Antônio Lobo Antunes é o ganhador do Prêmio Camões 2007. Segundo o júri, que anunciou o resultado nesta quarta-feira na Biblioteca Nacional, Lobo Antunes foi escolhido "pela mestria em lidar com a língua portuguesa, aliada à mestria em descortinar os recessos mais inconfessáveis do ser humano, transformando-o num exemplo de autor lúcido e crítico da atualidade literária."
Um dos principais nomes da literatura portuguesa contemporânea (há mesmo quem o considere o maior autor português vivo), Antunes já teve seus livros traduzidos em mais de vinte países. Ex-psiquiatra, diz que "escrever é estruturar um delírio".
O grande acontecimento traumático de sua vida, contudo, não resultou do exercício da psiquiatria, e sim da experiência na Guerra Colonial de Angola. Durante 27 meses, no início dos anos 1970, encarregava-se de amputações e outros socorros de emergência na frente de batalha. A violenta passagem pelo front marca muitos dos seus livros, a exemplo de "Os cus de Judas" (Objetiva) e "O esplendor de Portugal" (Rocco), em que ele narra sem pudor o massacre psicológico e a violência física dessa que chamou de "Vietnã dos pobres". O estilo politicamente incorreto e virulento rendeu-lhe de início a reputação de enfant terrible da literatura portuguesa.
Nascido em 1942, em Lisboa, filho de uma família com ascendência brasileira (seu bisavô foi um dos donos da borracha na Amazônia), Lobo Antunes menciona como influências literárias Faulkner e Céline. Seu livro lançado mais recentemente no Brasil foi "Conhecimento do inferno" (Alfaguara), uma história narrada como um monólogo interior de um psiquiatra, personagem que é um alter-ego do autor
Maior prêmio literário de língua portuguesa, o Camões dá cem mil euros a seus ganhadores. No ano passado, ele foi recusado pelo escritor angolano Luandino Vieira, que alegou "razões pessoais e íntimas" para sua decisão. Instituído em 1988, o Camões já teve como ganhadores os portugueses Miguel Torga (1989) e José Saramago (1995), os brasileiros Rachel de Queiroz (1993), Antonio Candido (1998), Rubem Fonseca (2003) e Lygia Fagundes-Telles, entre outros.
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