Apoderar-se de espaços públicos em nome do registro histórico, da arte livre e da contestação sempre atraiu as pessoas, desde o início dos tempos. Desenhos do cotidiano das comunidades já podiam ser vistos nas cavernas, em pinturas rupestres, datadas da Pré-História.

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Inscrições urbanas semelhantes também podem ser encontradas na cidade de Pompéia, que mesmo tendo sido invadida por lavas vulcânicas, preservou as marcas de manifestos e propagandas políticas impressas nas construções. Esses registros fazem parte da história do grafitti – ou grafite, em português –, uma prática que hoje em dia é considerada uma arte, um movimento e a expressão de uma cultura de classe.

O grafite moderno, feito com tintas e latas de spray, teve origem em Nova Iorque, nos Estados Unidos, ainda durante os anos 70, quando o movimento hip-hop dava os seus primeiros passos. Os símbolos gravados nas ruas, serviam como forma de comunicação entre gangues.

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Essa prática ainda está vinculada à cultura de periferia, não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil. A diferença é que hoje existe uma divisão mais nítida entre a pichação, usada como instrumento de protesto e de vandalismo, e o grafite, que embora mantenha a característica marginal, é considerado uma expressão da arte de rua.

Embora os registros sejam mais evidentes em São Paulo, onde a cultura hip-hop é poderosa, em Curitiba já é possível encontrar em ruas e esquinas sinais dessa cultura. Os trabalhos da dupla João Paulo Rotava e Márcio Cavalheiro, mais conhecidos como Bolacha e Case, têm chamado a atenção até mesmo dos mais preconceituosos, que ainda confundem a arte com a pichação.

Com painéis espalhados pelas principais vias da cidade, entre elas a Rua Emiliano Perneta, a Avenida Marechal Floriano e a Avenida Água Verde, os garotos encontraram uma forma de expressão contra os males do mundo, sem prejudicar a cidade.

A vontade de desenhar começou cedo para os amigos, que fazem parte do Ilustres Trio. Durante a semana, trabalham com aerografia, mas, aos sábados e domingos, eles invadem as cidades. O objetivo é procurar muros com visibilidade para que o trabalho seja divulgado para o maior número possível de pessoas. "Queremos provocar a reflexão e chamar a atenção para os espaços abandonados", conta Case.

O grafite é uma das expressões mais populares da arte de rua, mas existem outras técnicas plásticas que integram as intervenções urbanas. Colagem, stencil art e pintura mural também são algumas das práticas desenvolvidas. Dança, música, e encenações teatrais integram, da mesma forma, essas manifestações. Para o artista plástico Juan Parada, integrante do coletivo Interlux, a arte de rua é tudo aquilo que interfere no ecosistema urbano, uma mescla de expressões variadas.

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Em agosto, o grupo decidiu se apossar de um posto de gasolina abandonado, na esquina das ruas Tapajós e Solimões, para mais uma de suas intervenções artísticas. Transformaram o ambiente em uma imensa galeria de arte e promoveram o Domingo no Posto. "Os museus e os espaços culturais quase sempre inibem a presença de quem é leigo no assunto. Fazer arte para artista não dá resultado algum, por isso vamos para as ruas, para que a arte esteja acessível a todos", argumenta.

Contato: Ilustres Trio: (41)3347-2537 e (41)3275-2537. InterluxArteLivre: system.error@pop.com.br.

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