O Sua Leitura indica o quanto você está informado sobre um determinado assunto de acordo com a profundidade e contextualização dos conteúdos que você lê. Nosso time de editores credita 20, 40, 60, 80 ou 100 pontos a cada conteúdo – aqueles que mais ajudam na compreensão do momento do país recebem mais pontos. Ao longo do tempo, essa pontuação vai sendo reduzida, já que conteúdos mais novos tendem a ser também mais relevantes na compreensão do noticiário. Assim, a sua pontuação nesse sistema é dinâmica: aumenta quando você lê e diminui quando você deixa de se informar. Neste momento a pontuação está sendo feita somente em conteúdos relacionados ao governo federal.
A Câmara Municipal de Curitiba abre nesta quarta-feira (23) a exposição “Curitiba Ontem e Hoje - 161 anos em retratos do desenvolvimento da cidade”. A mostra presta uma homenagem aos 323 anos da cidade e do Legislativo municipal.
O jornalista e pesquisador Cid Destefani em 1964Acervo da família
Das 100 imagens reunidas, 50 são antigas e fazem parte do acervo do jornalista, pesquisador e colunista da Gazeta do Povo Cid Destefani, falecido em setembro de 2015. As outras 50 fotografias foram tiradas dos mesmos ângulos, entre 2015 e 2016, pelos fotógrafos da Câmara, representados por Andressa Katriny e Chico Camargo.
As imagens traçam um comparativo entre o passado e o presente do espaço urbano. O público pode conferir as mudanças na arquitetura, transporte e comportamento das pessoas que passaram e ainda passam por Curitiba.
Além do valor estético, a mostra também promove uma compreensão política aos visitantes, mostrando o papel do Legislativo em muitas das transformações da cidade.
Curitiba de ontem e Curitiba de hoje
Fotos antigas e atuais revelam Curitiba de todos os tempos.
Em 1957, Cid Destefani iniciou sua caminhada como repórter fotográfico da Gazeta do Povo. Foi em um trabalho durante uma campanha política que o jovem jornalista encontrou em um sótão os primeiros negativos de Curitiba, datados de 1915, 1920 e 1930.
De lá para cá, o acervo de Cid só cresceu. Suas pesquisas foram publicadas ao longo de 26 anos na coluna “Nostalgia”, da Gazeta do Povo. Seu legado para a memória paranaense é de um valor inestimável.
Criança de colo, o filho mais velho de dona Josepha e seu Amadeu circulava entre dois bairros que marcariam sua história, a Água Verde e o Batel. A mãe adorava fotografá-lo.
Em 1942, aos 6 anos, Cid Destefani nos tempos de suspensório. Contato com a fotografia começou em casa, um gosto da mãe, dona Josepha.
Adolescente, flagrado por um lambe-lambe, na Rua XV. Foi nessa rua que encontrou e salvou seu primeiro acervo, da Foto Kabsa, em 1959.
O pai, Amadeu Destefani, bem lhe arrumou um emprego de fiscal da prefeitura, assim que Cid voltou do Exército. Mas ele tinha descoberto a fotografia, por influência do amigo Manfredo Schiebler. Em 1958, tinha feito sua escolha.
Teve carreira rápida na imprensa. A fama de durão, contudo, reserva lances ingressados - ainda no final dos anos 1950, levou uma pedrada durante a cobertura de uma partida de futebol , em Ponta Grossa. Decidiu que não cobriria mais esportes.
Em 1959, chefe de reportagem fotográfica do jornal Correio do Paraná. “Era o profissional mais bem pago da cidade”, contava.
Em 1958, aos 22 anos, em início de carreira, com Rolleyflex. “Autorretrato” em espelho na casa da família Destefani na Avenida Batel.
Com Jânio Quadros, provavelmente em 1960: trajetória de Cid na imprensa é repleta de lances hilários.
Em 1990 (data provável), já desfrutando do sucesso instantâneo da página “Nostalgia”. A seção nasceu por sugestão do publisher Francisco Cunha Pereira (1927-2009): “Isso dá leite”, disse-lhe Pereira, sobre a publicação de fotos antigas em jornais.
Nos anos 2000, ao receber condecoração do Exército pelos serviços prestados à sociedade do conhecimento. Pouco dado a exibicionismos, veio à redação com suas medalhas no peito. Pensava no orgulho de Josepha e Amadeu. A mãe temia que ele “não desse em nada”.
Na condecoração: sociedade reconheceu o trabalho de Cid. Ele se orgulhava de nunca ser corrigido por historiadores acadêmicos.
Também recebeu medalha dos Pracinhas, que viam em Cid um narrador autorizado da Campanha da Itália.
Sempre às sextas-feiras: Cid vinha pessoalmente ajustar sua página, sendo recebido pelo designer Carlos Bovo, que se tornou seu último parceiro num dos maiores sucessos editoriais da imprensa paranaense.
Cid se irrtava quando o chamavam de mal-humorado. “Sou assim porque conheci muita gente que me deixou amargo”, defendia-se. Os amigos brincavam que era preciso um manual de instruções: nunca procurá-lo pela manhã (era notífago) e jamais pedir fotos emprestadas. “Esse acervo me custou muito trabalho”, brigava.
Cid era continuamente procurado por pessoas que precisavam checar fatos históricos sobre Curitiba.
Em dois perfis publicados pela Gazeta do Povo, Cid contou como se deu sua formação de fotógrafo e historiador. Parte do que sabia aprendeu no balcão da sapataria do pai, na Avenida Batel.
No famoso acervo de 500 mil imagens: foram 60 anos de colecionismo incansável.
“Hein” - posando para a campanha Paz Tem Voz”, da Gazeta do Povo (2011-2012), fez autoironia com seu tique de surdez.
Em rara palestra em que falou de sua formação de jornalista - egresso dos anos dourados da imprensa paranaense.
No laboratório doméstico. Cid passava a maior parte do tempo ali, imerso. Depois da morte da mulher, Lia, em 2001, passou a organizar todas as imagens sozinho.
Deixe sua opinião