O artista espanhol Francisco Goya, mais conhecido nos dias de hoje por ter retratado os horrores da guerra, foi celebrado em sua época como um grande pintor de retratos para a realeza e os aristocratas, generais e déspotas, políticos e amigos.
Uma exposição na National Gallery, em Londres, reúne cerca de 70 retratos, ao longo de um período de 50 anos, que mostram que Goya pintou com grande honestidade, não embelezou modelos e, como resultado, conseguiu apresentar com grande discernimento a pessoa retratada.
Nascido em Zaragoza em 1746, Francisco de Goya y Lucientes viveu em tempos tumultuados, incluindo a Guerra Peninsular e a ocupação francesa da Espanha, o que deu a seu trabalho o que o diretor da National Gallery, Gabriele Finaldi, definiu como “visão ardente”.
O curador da exposição, Xavier Bray, disse que a mostra reposiciona Goya como um dos grandes pintores de retratos da história da arte.
“Sua abordagem inovadora e não convencional levou a arte do retrato a novas alturas por sua capacidade de revelar a vida interior de seus modelos, mesmo em seus retratos formais maiores e mais memoráveis”, disse Bray.
O Museu do Prado, de Madri, contribuiu com dez retratos, enquanto outros vieram da cidade espanhola de Pamplona e até de São Paulo. Alguns são de coleções privadas das famílias dos modelos originais e nunca tinham sido exibidos antes.
Um destaque é o retrato da duquesa de Alba, de 1797, em um empréstimo raro da Sociedade Hispânica da América, em Nova York. Viúva rica e famosa por sua beleza, ela era amiga e patrona de Goya e tinha reputação de excêntrica. “Goya era fascinado por ela”, disse Bray.
A exposição também apresenta a última pintura de Goya, de seu neto, completada alguns meses antes de sua morte, em autoexílio em Bordeaux, em 1828. Inclui também autorretratos de Goya quando jovem e perto do fim da vida.