Diferentemente da mostra principal da Bienal, que reuniu obras que usam de alguma forma aa luz, a seleção dos projetos do Cubic não teve recorte temático. No entanto, o resultado final acabou revelando discussões comuns a boa parte dos trabalhos. Conforte explicam os curadores, há “linhas temáticas emergentes”, que discutem conceitos como memória e questões urgentes no cenário sócio-político brasileiro, como a “inércia da nova geração diante do pensamento totalitário”. A mostra ganhou o título “Estado de Emergência”.
“Como o tema da Bienal é a ‘Luz do Mundo’, dizemos que a nossa luz é vermelha, de alerta para estas questões, que estão muito vivas para esta jovem geração de artistas”, conta Stephanie Dahn Batista.
Obras
Para Janusch Ertler, estudante da escola superior de artes Städelschule (Frankfurt) em intercâmbio no curso de Artes Visuais da UFPR, o circuito universitário acabou levantando questões que importantes para a sociedade. “Em minha opinião, falta um pouco esta discussão, esta pesquisa política na mostra da Bienal deste ano. O Cubic é uma contribuição importante para a Bienal a respeito destas questões, em um país que está vivendo uma situação muito difícil”, defende o estudante, que discute temas como a colonização da América do Sul e a globalização na obra “Periferias Muirapiranga-Coipasa” – uma instalação que coloca uma cadeira de pau-brasil em diálogo com um vídeo que mostra trabalhadores do Salar de Coipasa, na Bolívia.
Mostra aponta o que “está por vir” na arte curitibana
Circuito Universitário da Bienal de Curitiba expõe obras de 25 artistas no Paço da Liberdade, Memorial de Curitiba, DeArtes da UFPR e Belas Artes
Leia a matéria completaDiogo Duda, do Curso de Pintura da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap), lembra que a arte não tem a obrigação de ser política, mas é um meio de reflexão de questões contemporâneas para os artistas. “Acho que esse Cubic reflete, em alguma medida, que estudantes estão atentos a estas questões políticas”, diz.
Na obra “Estudo para Obliteração Coletiva”, Duda trata do que avalia como esquecimento da história. Usando carvão sobre papel vegetal – combinação pouco aderente, que cria um efeito enevoado –, o artista fez um desenho baseado em uma fotografia da Passeata dos Cem Mil, de 1968, por Evandro Teixeira. A faixa em que se lia “Abaixo a Ditadura” no registro original aparece invertida. “Vemos parte da população pedindo o retorno de um regime militar como uma suposta solução. E parece que há uma obliteração da memória, um esquecimento do que é a nossa história política nacional”, explica.
Assim como a obra de Ertler, o desenho de Duda está exposto no Paço da Liberdade, onde estão reunidas as obras de temática mais política do Cubic.
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