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Ramon Cavalcante e George Pedrosa  criaram o Cosmic. | Sara Maia/Divulgação
Ramon Cavalcante e George Pedrosa criaram o Cosmic.| Foto: Sara Maia/Divulgação

Tudo começou com o projeto de história em quadrinhos “Novo mundo”. A ideia da dupla de amigos cearenses era lançar uma HQ contando as aventuras de portugueses que, ao chegarem ao Brasil no século 16, encontram criaturas pré-históricas. O roteiro ainda não saiu da imaginação, mas serviu como gatilho para Ramon Cavalcante e George Pedrosa criarem o Cosmic, um serviço de streaming de quadrinhos. Com lançamento previsto para este mês , o projeto tenta fazer algo parecido com o que realiza a Netflix no campo de filmes e séries e o Spotify na música.

Com uma proposta ambiciosa, a dupla pretende sanar uma dificuldade da área.

“O mercado impresso de quadrinhos no Brasil não dá conta do volume de público, que quer consumir uma grande quantidade de obras sem pagar um valor absurdo. É uma leitura rápida, por isso é difícil cobrar caro e aí está o problema, já que os custos de publicação são altos. A distribuição pode chegar a 30% do valor, o mesmo com postos de venda e ainda tem a impressão, que vai de 12 a 20% do preço”, explica Ramon Cavalcante, de 30 anos.

A plataforma, desenvolvida para computador, tablet e celular, funcionará da seguinte forma: o usuário paga R$ 15,90 mensalmente para ter acesso a um banco de histórias em quadrinhos. Deste valor, 30% são destinados à manutenção do serviço. Os outros 70% vão para os autores, de forma proporcional às páginas acessadas.

“Para exemplificar, se 75% das páginas lidas por um usuários são de quadrinhos do autor A e 25% são do B, eles ficarão com essas mesmas porcentagens de royalties do usuário. O A ganharia R$ 8,35 e o B R$ 2,78 (totalizando os R$11,13 correspondentes ao 70% do valor da assinatura)”, diz George Pedrosa, de 26 anos.

Modelo é Spotify

A dupla conta que o modelo de assinaturas individuais foi pensado levando em consideração críticas a outras plataformas, como o Spotify, no qual um percentual considerável é destinado às gravadoras.

“Com o Cosmic queremos deixar os autores focados no que fazem de melhor, a produção. E eles vão ver que material o público gosta mais para aí imprimir”, pontua Pedrosa.

Já para as editoras a vantagem seria alcançar um público dependente dos downloads ilegais de quadrinhos.

Entre os que abraçaram a ideia estão os autores Mario Cau, idealizador do quadrinho “Morphine”, Sirlanney Freire, conhecida pelo pseudônimo Magra de Ruim, além de Pablo Casado e Talles Rodrigues, criadores da HQ “Mayara e Annabelle”. Marca da Fantasia e MINO estão entre as editoras.

A expectativa é que, no lançamento, o Cosmic tenha 50 quadrinhos. O aumento do acervo, dependendo das parcerias, será quinzenal. E, conseguir os primeiros assinantes, acham eles, não será um grande desafio. O serviço será disponibilizado no Cosmic Reader, aplicativo para organização de HQs on-line gratuita criado pela equipe, em julho, e já baixado por quatro mil pessoas. Elas serão as primeiras a ter a opção de virar assinantes.

“O grande objetivo é organizar esse mercado de forma a ajudar o público e todos os envolvidos no processo de criação”, conclui Cavalcante.

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