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Imagine juntar em um único filme atores do porte do mexicano Gael García Bernal e da brasileira Mariana Ximenes, duas línguas diferentes, animação, influências de Charlie Kaufman (roteirista de “Quero Ser John Malkovich” e “Adaptação”) e do artista plástico M.C. Escher. Isso não apenas foi possível como é obra de um brasileiro, o jovem Pedro Morelli. Lançado na última edição do Festival de Cinema do Rio, “Zoom” deve chegar às telas brasileiras somente em 2016, mas promete causar barulho.

Parte do filme se passa em quadrinhos

Além do elenco estelar e da ousadia narrativa, “Zoom” tem outro atrativo particular: é o primeiro longa-metragem brasileiro a utilizar a rotoscopia, uma técnica de animação que consiste em redesenhar quadros de filmagem.

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O filme é resultado de uma parceria entre Brasil e Canadá, que em 2008 viabilizou “Ensaio sobre a Cegueira”, de Fernando Meirelles. Ainda como estagiário nas filmagens, Morelli conheceu um dos produtores, que anos depois estava à procura de um diretor jovem para conduzir um novo projeto. Surgiu então a oportunidade de realizar “Zoom”, falado quase inteiramente em inglês e que tem ainda no elenco nomes como Alison Pill, da série “The Newsroom”, e Jason Priestley, de “Barrados no Baile”.

Jason Priestley (de “Barrados no Baile”) com Ximenes.Divulgação

Em “Zoom”, três narrativas paralelas se cruzam: uma garota (Alison Pill) que fabrica bonecas e sonha em colocar silicone nos seios; uma modelo bem-sucedida (Mariana Ximenes) tenta consolidar uma carreira como escritora; e um diretor de cinema (Gael García Bernal) enfrenta uma crise criativa.

Com uma narrativa que abusa da metalinguagem, o roteiro lembra o estilo de Charlie Kaufman, que escreveu “Adaptação” e dirigiu “Sinédoque Nova York”. Morelli assume o roteirista americano como uma de suas principais influências, juntamente com as obras de Escher, famosas pela ilusão de ótica. “A estrutura cíclica dessas obras, que confundem o espectador, foram também uma inspiração”, conta o diretor, que codirigiu anteriormente “Entre Nós” com o pai, Paulo Morelli (de “O Preço da Paz”).

Desde o início do projeto eu tinha em mente utilizar esse tipo de animação [rotoscopia].

Pedro Morelli, diretor, sobre a técnica que permite redesenhar quadros de filmagem.

Antes de ser exibido no Festival do Rio, “Zoom” fez sua estreia no Festival de Toronto, no Canadá. No circuito comercial brasileiro, o lançamento deve acontecer em março ou abril do ano que vem. “Ainda estamos negociando para lançá-lo fora do país, mas as perspectivas são boas. É um filme mais internacional que brasileiro, tem uma pegada que fala com todos os públicos”, avalia o diretor.

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