“Era assim: se você tinha uma banda e precisava que alguém fizesse a parte gráfica, quem fazia era ele”, resume o músico Klaus Koti sobre o artista plástico e designer Alessandro Rüppel Silveira, o “Magoo”, que morreu no último sábado (18), aos 44 anos, vítima de um atropelamento.
Magoo fez algo como cem capas de discos, conforme ele mesmo calculou em uma conversa com o músico e amigo Ricardo “Mutant Cox” Huczok, do Sick Sick Sinners – um dos grupos da cena underground que contaram com o traço do artista.
Nas cenas punk e psychobilly em Curitiba, ele ganhou o apelido, Magoo, e fez logotipos de bandas, artes para estampas e bordados, cartazes para shows, painéis para bares. Sua arte se tornou uma das marcas do underground da capital paranaense dos anos 90 para cá.
“Ele captava bem a sonoridade de cada banda, e fazia a arte para cada contexto. Mas a identidade dele se mantinha nos trabalhos”, diz Wallace Barreto, guitarrista da banda Ovos Presley.
Para Mutant Cox, que também cita os fanzines editados pelo artista, a cena perdeu uma peça fundamental. “Magoo era amigo de todos os músicos, trabalhou com as bandas mais representativas. Era muito ativo na cena, um cara que estava sempre produzindo” diz o músico, em entrevista à Gazeta do Povo no último domingo (19).
Ele captava bem a sonoridade de cada banda, e fazia a arte para cada contexto. Mas a identidade dele se mantinha nos trabalhos.
O curitibano Alessandro Rüppel Silveira se aproximou da cena punk quando tinha por volta de 16 anos e cursava Edificações no Colégio Estadual do Paraná. Ele já trabalhava com publicidade e ganhou seu primeiro prêmio de artes visuais nessa época. “Tinha uma turma ali que vivia uma cena punk em Curitiba. Ele se juntou com a gente, e nós éramos mais velhos, e ele continuou desde então”, lembra o amigo Elgson Eligio Lourenço.
O envolvimento artístico do Magoo não se limitou às “pendengas gráficas” dos músicos e poetas do underground, explica Rodrigo Barros, dos grupos Beijo AA Força e Maxixe Machine. “[Ele] era um ótimo compositor”, diz o músico, que também trabalhou com o artista em projetos como o programa de rádio Radiocaos (cujo logotipo é de Magoo) e A Grande Garagem Que Grava (para o qual o designer criou mais de 40 capas de discos de grupos curitibanos entre 2005 e 2011). “O Magoo fez músicas comigo e com o Thadeu [Wojciechowski] – para quem, aliás, ele também fez várias capas de livros”, conta. “Ele era um cara muito presente dentro do fazer artístico dentro da nossa turma.”
Nos últimos anos, o Magoo vinha concentrando seu trabalho nas artes plásticas. Autodidata, mostrou um estilo particular em exposições de pinturas e desenhos como Figurinhas Difíceis de Linguagem (2011) e Puta Porre (2013).
“As obras têm histórias muito fortes para contar”, analisa Lourenço. “Ele tinha essa coisa mais underground, mais ligada à estética da tatuagem, do psychobilly, mas fazia isso de forma harmoniosa”, diz o amigo. Para Koti, o estilo do artista é “o estilo do Magoo”. “Não sei definir. Tem uma coisa sempre meio torta, fora de proporção. Era o jeito que ele via as coisas”, diz.
Magoo deixou recém-concluídos um mural no Lino’s Bar – um dos pontos de encontro da cena – e um livro de poesias, que seus amigos e parceiros devem publicar nos próximos meses.
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