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Os atores britânicos Vanessa Redgrave e Ralph Fiennes vivem mãe e filho em Coriolanus | Valery Hache/ AFP
Os atores britânicos Vanessa Redgrave e Ralph Fiennes vivem mãe e filho em Coriolanus| Foto: Valery Hache/ AFP

Filme surpreende a Berlinale

Havia motivos para desconfiar de que Coriolanus, talvez, não fosse um bom filme – uma transposição de Shakespeare para a atualidade, dirigida por um ator que também é um astro, Ralph Fiennes. Homens e mulheres de pouca fé, regozijai. O filme é bom.

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Berlim - Havia uma grande expectativa para a sessão de Coriolanus, que integra a competitiva oficial da 61.ª edição do Festival de Berlim. Afinal, o longa-metragem marca a estréia como diretor de Ralph Fiennes, ator de personagens marcantes em filmes como A Lista de Schindler, O Paciente Inglês e O Jardineiro Fiel.

Coriolanus é a adaptação moderna para as telas da tragédia homônima do dramaturgo inglês William Shakespeare, escrita em 1608. Liderado pelo próprio Fiennes – que interpreta Caius Martius Coriolanus –, o filme tem um elenco estelar que inclui Gerard Butler (Tullus Aufidius), Brian Cox (Menenius), Jéssica Chastain (Virgilia) e a consagrada Vanessa Redgrave, como a poderosa Volumnia. O roteiro é assinado por John Logan (O Último Samurai).

A história é desenvolvida tendo Roma por cenário, quando o general Coriolanus vive um momento de crise, vendo seu povo passar fome e sendo manipulado politicamente por sua mãe. Forçado ao exílio, ele se alia ao seu inimigo Tullus Aufidius.

Os dois marcham para a cidade com a intenção de destruí-la. Volumnia apela para seu filho, ele tenta rejeitá-la, mas fraqueja.

Após a projeção, na coletiva da qual participou a Gazeta do Povo, Fiennes falou do filme, da seleção para Berlim e do seu desejo de dirigir outros filmes. Leia os principais trechos:

Como você se sente tendo sua estréia na direção no Festival de Berlim?

Muito feliz. A peça de Shakespeare é muito conhecida na Alemanha, ela tem história; estou especialmente tocado que esse meu projeto pessoal comece aqui. Tendo interpretado tantos papéis em obras de Shakespeare, por que iniciou essa nova etapa de sua carreira com Coriolanus?

Foi uma combinação de coisas. Após ter feito a peça em Londres há dez anos, eu senti que não tinha captado totalmente o seu contexto. Tudo ali leva ao relacionamento entre mãe e filho, o que é poderoso. Mas foi também, ao interpretá-lo no teatro, a constatação que isso funcionaria bem na tela. A história em si, os subtextos, é tudo tão intenso, visceral e político, que não saiu mais da minha cabeça.

Havia intenção de relacionar a história com a época atual?

Sim, eu queria fazer uma versão atual da tragédia de Coriolanus. Isso ficou me perseguindo. Eu pensava na peça e na sua ligação com situações ao redor do mundo. Ela fala de conflitos semelhantes aos da Chechênia, Iraque, Afeganistão e com nações poderosas como Estados Unidos, Rússia, China e Israel impõem suas vontades aos outros territórios, enfim como tudo isso funciona. O filme traz imagens contemporâneas como Shakespeare fez.

Nessa sua primeira experiência, como foi o trabalho com os atores?

Acho que as melhores experiências que eu tive foram as colaborações deles. É muito bom quando os atores colocam suas visões ou dizem como determinadas partes do filme devem ser feitas. Dirigir é uma combinação de de ideias e diferentes cenários e eu gostei do brilho que cada um trouxe.

Tudo isso sinaliza que, embora com uma carreira de sucesso como ator no teatro e no cinema, algo o leva a continuar dirigindo?

Sim, eu sinto um forte impulso para isso. Dirigir é algo que eu gostaria de continuar fazendo. Eu tenho ótimos produtores e certamente contarei com excelentes atores, como aconteceu agora.

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