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Enquanto muitos especulam os motivos para a saída de Mário Prata da novela "Bang Bang", o autor observa tudo à distância. Em sua casa em Florianópolis(SC), o autor falou por telefone com exclusividade ao Globo Online sobre o que está por trás da licença médica que o afastou por tempo indeterminado da produção da novela das sete.

- Não houve nenhum problema com a Rede Globo. Saiu no jornal "O Globo" que eu estava irritadíssimo por causa de um autor-estepe que teriam colocado. Isso nunca existiu. A verdade é que fiquei escrevendo 16 meses a novela e fui desenvolvendo essa tendinite, cheguei ao meu limite. Há 20 dias o problema ficou sério, mas segurei até agora para isso não acontecer antes da estréia, pois iria dar muita confusão. A emissora sabia que isso poderia explodir, estava avisado - esclarece Prata.

O autor, que sofre de uma tendinite calcária supra-espinhosa no ombro, ou "esse nome feio mesmo", segundo ele, apareceu com uma tipóia na coletiva de imprensa da novela, na semana anterior à sua estréia. Segundo Prata, a digitação se torna algo inviável por causa da dor.

- Sinto como se um cigarro estivesse queimando a minha omoplata. Não dá para ficar muito tempo digitando. Hoje, estou apenas escrevendo uns três, quatro e-mails por dia - explica ele, que além de ter à disposição a equipe médica da emissora carioca, vai nesta quinta-feira a um médico particular: - É amigo meu amigo de infância, do interior de São Paulo, que confio muito - diz.

Mário revelou ainda que deixou um bom número de capítulos prontos de "Bang Bang", cerca de 30. Ele também disse confiar plenamente no taco na equipe de colaboradores. Márcia Prates é quem assume a trama. O filho do autor, Antônio Prata, também faz parte da equipe.

- Deixei uma frente muito tranqüila para eles e confio plenamente no que eles vão fazer. Nesse momento, preferi me afastar para não dar muitos palpites, pois ia acabar querendo escrever da minha forma. Eles conhecem muito bem a história. Vão ter mais umas cinco semanas de material meu no ar. O filho é meu - se defende ele, feliz com o fato de a Rede Globo não escalar outro autor para substituí-lo: - Se isso acontecesse ia me sentir traidinho. Mas sei que a televisão é uma indústria que não pode parar - arremata.

O autor, que começou a escrever para a emissora na década de 70 (lembra de "Estúpido Cupido", de 1976? É dele!), confessou sentir uma certa dificuldade com a rapidez que se deve fabricar uma novela para a TV atualmente.

- Quando fazia novela para a Globo naquela época, escrevia sozinho numa boa. Afinal, eram umas 20 páginas por capítulo. Em sete, oito horas, dava para fazer um capítulo. Hoje são 40 páginas, uma loucura - compara.

Mário diz estar aliviado com a decisão tomada entre emissora e autor. A partir de agora, ele quer mais é sombra e água fresca.

- Estou aqui de frente para o mar, coisa que não fazia há um mês. Não digo que estou feliz, mas aliviado por poder ficar esses dias aqui, sem me preocupar com nada. Eu me sinto melhor agora do que há uma semana. Estou triste, pois os personagens são meus filhos e todos sabem que esse projeto é a realização de um sonho. Mas a sensação é de papel cumprido. E comprido - desabafa Mário.

Sobre o futuro, o escritor prefere não buscar respostas. Afinal, quem detém os direitos de "Bang Bang" é a Rede Globo. Portanto, a vontade de transformar a obra em cinema ou teatro ainda é uma incógnita.

- Não estou pensando em nada.

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