"Vocês estão cansados?", perguntou B.B. King à platéia, quase ao final do show no Bourbon Street Music Club, em São Paulo, quinta-feira (30). Essa foi uma das muitas piadas que o rei do blues fez com a própria idade, 81 anos.
Mas, apesar das brincadeiras e da excelente disposição, o cantor e guitarrista reafirmou que esta é sua turnê de despedida, a "Farewell World Tour", após a qual ele passará a tocar apenas nos Estados Unidos.
O primeiro show da turnê no Brasil atraiu a nata do PIB nacional. Trezentas pessoas pagaram de R$ 900 a R$ 2.300 para ver de perto a lenda viva do blues. Tão perto que ele chegou a puxar conversa com pessoas sentadas nas primeiras filas.
- Quando eu era jovem, tinha um bigode igual ao seu - disse para um senhor. No intervalo entre duas músicas, chamou uma senhora à frente do palco e beijou a mão dela.
Muito falante, não poupou referências sexuais ao contar seus famosos "causos":
- Muita gente me diz que, com essa idade, certamente recebo assistência médica. Sim, tenho o doutor Viagra.
E mais:
- Uma garota me disse que o marido dela devia se consultar com meu "doutor". Eu perguntei sua idade e ela disse que tinha 23 anos. Então falei: "Esqueça seu marido e venha comigo".
Gargalhadas gerais na platéia.
O velhinho com jeito de garotão, mesmo sentado o tempo todo, requebrou-se, fez pose de roqueiro e suas famosas caras e bocas, sendo aplaudido a cada trejeito. E mostrou que não só o espírito permanece jovial. Soltou o vozeirão ainda potente em músicas como "I love you so bad", e fez em sua guitarra Lucille os vibratos que marcaram a história do blues.
Como havia prometido na coletiva à imprensa, um dia antes, o repertório foi mais animado que o da turnê anterior, em 2004, com várias músicas em ritmo pulsante, como "Bad case of love", "Rock me baby" e até o clássico de New Orleans "When the saints go marching in".
Com um certeiro senso de dinâmica, alternou essas levadas com um set mais intimista, sem o naipe de metais e com os outros músicos sentados à sua volta. Depois, fez todo o público entoar o refrão de "When love comes to town", que ele gravou com o U2. Não esqueceu seu maior sucesso, "The thrill is gone", e deu novo significado aos versos de "Key to the highway": "When I leave this town, I'm gonna back no more. So, goodbye!" ("Quando eu deixar esta cidade, não voltarei mais. Então, adeus!").
Depois de quase duas horas de show, não houve bis. Antes de ir embora, ele chamou ao palco o grande guitarrista de jazz Stanley Jordan, que assistiu ao espetáculo na primeira fila, mas frustrou os que imaginavam ver uma jam session entre os dois. Ninguém reclamou, afinal já tinha sido uma noite memorável.
A popularidade de King foi comprovada em uma iniciativa inédita no show business brasileiro. Dez pares de ingressos para o show foram leiloados, com um lance mínimo de R$ 2.400, e atingindo o valor de R$ 4.600. A renda foi revertida para a Associação Cruz Verde, que atende crianças com paralisia cerebral. Antes da apresentação, o diretor do Bourbon, Edgard Radesca, agradeceu aos "que pagaram essa fortuna".
O rei do blues faz mais três shows em São Paulo, um em Curitiba na próxima terça-feira (5) e outro no Rio de Janeiro.
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