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O quinto álbum de Beyoncé, que leva seu nome e foi lançado sem aviso prévio para venda pela internet na madrugada da última sexta, é um passo perigoso na carreira. Ela subverteu o modelo tradicional. Todas as faixas já têm seus videoclipes disponíveis para download - o álbum é exclusividade da loja virtual iTunes Store até dia 21. Assim, não existe a "música de trabalho", aquela faixa que é destacada para ser divulgada antes das outras. É tudo ao mesmo tempo agora. A questão complicada é que "Beyoncé", o álbum, foi concebido e realizado numa época bem conturbada para Beyoncé, a cantora. Depois de um período fora do circuito para ter a primeira filha, ela partiu para uma turnê mundial, que passou pelo Brasil em setembro, arrastando com ela bebê e babás. Entre um show e outro, gravou as músicas e, bem mais trabalhoso, os clipes. O risco maior para a cantora é que essa maratona comprometa a qualidade de seu trabalho. Nos últimos anos, Beyoncé demonstrou que canta e dança muito melhor do que suas rivais no pop: Lady Gaga, Rihanna, Katy Perry, Ke$ha e, claro, Madonna. Mas, nas primeiras audições --e visualizações-- de "Beyoncé", parece que a coisa desandou um pouco. Como o pop é visual, é possível pular as 14 faixas de áudio e ir direto aos 17 clipes. A discrepância de números se dá por clipes extras, entre eles um chatíssimo depoimento da cantora sobre os "conceitos" do trabalho. São clipes protagonizados por um trio de estrelas: Beyoncé, sua coxa direita e sua coxa esquerda. Quem assiste aos vídeos fica com a impressão de que ela tem um closet gigantesco de shortinhos. Há espaço para contemplar as estéticas contemporâneas do vídeo musical: um clipe de imagens vintage, alguns em preto e branco (que muita gente acha "chique"), aqueles com dancinhas para valorizar os citados shortinhos e por aí a coisa segue. A intenção de criar climão sexy é tão evidente que enjoa. "Haunted" emula "Erotica", de Madonna, em citação assumida por Beyoncé. "Ghost" traz trip-hop com androginia.

"Drunk in Love", com participação do maridão Jay-Z, até pode virar uma faixa de trabalho "informal", puxada pelo clipe no qual o casal está "bêbado" na praia. Para pulverizar algumas libidos. A irregularidade opõe clipes repletos de longas sequências de Beyoncé seminua com equívocos estéticos do tipo mostrá-la sentada em um banco de igreja, cantando baladas aos prantos. Se as imagens formam esse turbilhão confuso, as músicas sozinhas colocam o álbum numa vala comum. Nada brilha ou dá pinta de entrar para um "best of". É aí que "Beyoncé" parece prejudicado pela agenda atribulada da cantora. Tudo é morno, apenas certinho. Falta um hit racha-assoalho. BEYONCÉ Formato: Álbum virtual da cantora, com videoclipes Quanto: US$ 15,90 (cerca de R$ 38), venda exclusiva na iTunes Store até dia 21/12

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