Bicampeã, Acadêmicos da Realeza contou com toque carioca

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A escola bicampeã do carnaval de 2013 de Curitiba - Acadêmicos da Realeza - teve uma pitada carioca. Nascido no Rio de Janeiro, mas radicado há oito anos na capital paranaense, o carnavalesco Márcio Marins, 41, foi o responsável por levar o desfile da agremiação ao título deste ano.

Para preparar o carnaval, Marins diz ter estudado durante três meses ininterruptos a história de São Jorge, personagem homenageado pelo samba enredo da escola. "Levantei tudo sobre São Jorge, desde a queda do Império Romano até a concepção atual que se dá a ele no Brasil", afirmou o carnavalesco.

Apesar da pesquisa prévia, Marins disse que a produção das fantasias e carros alegóricos começou a menos de um mês. "Recebemos a verba muito tarde. Tivemos 19 dias para preparar quatro alegorias e 450 fantasias. O ideal seria recebermos esse dinheiro com seis meses de antecedência, mesmo que fosse apenas metade da verba".

Mesmo sem dinheiro, a escola preparou um desfile vistoso, com carros alegóricos exuberantes, alas que faziam alusão ao tema, além de coreografias bem ensaiadas.

A bateria também foi destaque, principalmente quando parava e o som ficava por conta dos tambores africanos que a acompanhava.

Outro ponto alto da Acadêmicos da Realeza ficou por conta da ousadia de Bruna Marques, única passista a desfilar na Cândido de Abreu em 2013 trajando apenas um tapa sexo e com o corpo pintado, desafiando inclusive a chuva que havia voltado a atingir o sambódromo justamente no desfile da campeã, o último da noite.

Apesar de favorita, a Realeza não encontrou facilidade na apuração que a consagrou campeã com 195,40 pontos.

Durante a leitura das notas, ela disputava a liderança palmo a palmo com a Mocidade Azul, escola que recebeu 194,80 pontos pelo seu carnaval metalinguístico: o tema foi a própria produção desfile, enaltecendo desde o trabalho das costureiras até a coxinha vendida no barracão.

Apesar da disputa acirrada com a Mocidade Azul por dois anos seguidos, Marins descartou uma polarização do carnaval curitibano. "Não espero que isso aconteça. Queremos cada vez mais escolas se profissionalizando e entrando na disputa. Até para não ficar chato", disse.

Disputa com a Mocidade Azul

Vice-campeã neste ano, a Mocidade Azul já havia dividido o título com a Acadêmicos da Realeza no ano passado. Por conta disso, seus representantes preferiram enaltecer o resultado. "O resultado foi justo. Não temos como contestar uma pontuação tão apertada. Só lamentamos pela nota do jurado que nos deu 9,1 em Comissão de Frente, pois perdemos ali", disse Altamir Jorge Lemos, presidente da Mocidade Azul.

Integrantes da escola, porém, lamentaram a postura das rivais que ficaram fora da disputa na reta final da apuração. "O título da Realeza foi justo e eles merecem fazer festa. Só não concordamos com as atitudes dos integrantes das outras escolas, que nos insultaram e jogaram cerveja na gente", disse Edson Garcia Júnior, mestre-sala da vice-campeã.

Provocações

As provocações realmente foram a tônica das torcidas que acompanharam a apuração no Memorial de Curitiba, mas do lado de fora do Teatro Londrina. Havia no espaço, pelo menos, 200 pessoas de quatro das seis escolas que fizeram o carnaval curitibano.

As torcidas da Unidos do Bairro Alto e Internautas não foram ao local porque suas escolas foram desclassificadas. As duas agremiações levarem menos componentes do que o mínimo exigido pelo regulamento do desfile (200 pessoas).

Patrocínios

O regulamento deve sofrer alterações para o carnaval de 2014. De acordo com Jaciel Teixeira, coordenador de Produção e Eventos da FCC, a instituição pretende regulamentar ainda neste ano a lei, sancionada em novembro do ano passado, que autoriza as escolas de samba a buscar recursos com patrocínios da iniciativa privada.

"Provavelmente, isso [a autorização para os patrocínios] estará valendo para o carnaval de 2014. A lei está sancionada e pretendemos regulamentá-la ainda neste ano", afirmou Teixeira.

Com mais dinheiro, as escolas ficarão menos engessadas em relação às datas de repasses dos recursos da prefeitura. Para este carnaval, metade das agremiações recebeu o dinheiro 19 dias antes dos desfiles e a outra metade receberia apenas após a festa, caso das duas desclassificadas antes mesmo da apuração começar.

De acordo com a FCC, o edital de licitação que daria direito a cada escola receber R$ 40 mil saiu em outubro do ano passado, mas as agremiações demoraram a entregar documentos exigidos no processo licitatório e isso teria atrasado a liberação dos recursos.

Veja fotos do desfile da Acadêmicos da Realeza