Um desejo de aventuras, depois de ter tido um bebê, e uma viagem ao Mali inspiraram a cantora islandesa Björk a criar "Volta", seu sexto álbum gravado em estúdio. O disco será lançado na terça-feira (8).
Em seus 14 anos de carreira solo, Björk já criou canções pop que lideraram as paradas, como "Army of me", e trabalhos experimentais como "Medulla", de 2004, um álbum que consiste inteiramente em faixas vocais.
Em seu novo álbum ela combinou duas abordagens distintas. "Volta" inclui contribuições do produtor Timbaland e de músicos do Mali e da República Democrática do Congo.
Björk apresentou canções de seu novo álbum no festival de Coachella, na Califórnia, em abril. Em entrevista feita por e-mail, ela falou sobre como procura reinventar-se a cada novo álbum e como equilibrar a maternidade com as turnês.
Depois de seu álbum anterior, fortemente experimental, qual foi seu objetivo com "Volta"?
Não acho que "Medulla" tenha sido tão experimental assim. Foi todo vocal, mas o Manhattan Transfer e Bobby McFerrin também são. Com "Volta", eu tive vontade de me aventurar. Me senti um pouco sufocada em casa depois de ter tido minha filha, então estava afim de me divertir. Viajei para o Mali, e algumas das canções foram gravadas num barco ao largo da Tunísia.
Você sempre foi saudada como alguém que amplia fronteiras com sua música. Como fez isso neste disco?
Não me propus a ampliar fronteiras, isso seria um pouco tolo. Mas tenho baixa tolerância para tédio, então tento fazer com que as coisas sejam instigantes para mim.
Algumas pessoas estão dizendo que este é o álbum mais comercial que você já fez. Você concorda?
Quem escreveu isso foi minha gravadora. Ela é tão boazinha, diz isso a cada disco que eu faço. Fico feliz por ela ter esperanças por mim. Para mim, os álbuns são bastante iguais.
Como você descreve a música, e qual é sua canção favorita no álbum?
Acho que é um álbum extrovertido e dinâmico. Uma coisa mais ou menos global, tribal. Não tenho uma canção favorita. Todas são importantes para mim.
O álbum inclui artistas tão diversos quanto Timbaland e Toumani Diabate. Como você escolheu seus colaboradores?
Timbaland é alguém que já tinha expressado interesse em minha música antes. Há dez anos ele sampleou minha canção "Joga", e havia tempo a gente falava em talvez trabalhar juntos. Então, quando eu, depois de ficar presa em casa, pus meu nariz para fora, eu estava afim de um pouco de ação, e ele também. Toumani Diabate é um virtuose da kora (harpa africana). Eu tinha decidido incluir no álbum uma coleção de instrumentos de corda de som sujo. Era o oposto de "Vespertine" (álbum de Bjork de 2001), em que eu tinha instrumentos como celeste, harpa, caixa de música e "glockenspiels", o tipo de música tocada no paraíso. Mas era hora de ficar um pouco mais terra. Então a kora, a pipa (alaúde chinês) e o clavicórdio (ancestral do cravo) acabaram presentes no álbum.
Quais são seus planos de turnê?
Já fiz muitas turnês desde os 16 anos de idade. Foi assim que me tornei a cantora que sou hoje, e ainda hoje, quando gravo em estúdio, eu simulo uma situação ao vivo. Não fiz turnê com "Medulla" porque o disco foi feito todo com vocais, a maioria meus, então seria complicado repetir ao vivo. Na época, além disso, eu tinha uma filha bebê, que hoje é muito forte e adora embarcar num avião. Então já estamos a caminho!
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