É com um show gratuito na Boca Maldita a partir das 18 horas deste sábado (19) que BNegão & Os Seletores de frequência mostram ao público de Curitiba as músicas de “TransmutAção” (Natura Musical), terceiro disco de estúdio da banda, lançado recentemente. O grupo Real Coletivo Dub faz o show de abertura, às 16 horas. As apresentações fazem parte do programa Cultura na Rua, iniciativa da Fundação Cultural de Curitiba.
O rapper (ou funkeiro?) não poderia ter melhor palco à disposição. Residente do Bar 351 e com muitos fãs na cidade, o carioca aproveita a entrevista para acabar de vez com o que estava prestes a virar uma lenda urbana. “Gosto muito de Curitiba, mas não moro na cidade, não. Minhas contas a pagar nunca chegaram aí.”
“TransmutAção” é um disco de 38 minutos criado em três meses – “diferentes dos outros, que demoraram um tempão”, diz Bnegão, referindo-se a “Enxugando o Gelo” (2003) e “Sintoniza Lá” (2012), vencedor do prêmio de “Melhor Disco do Ano” no Video Music Brasil (VMB) da MTV. “Passamos no edital no susto, não botava fé. Aí disse: então tá, vamos fazer essa parada.”
A mistura de ritmos quentes e negros com certa retórica conscientizadora continua a ser o fio condutor das novas músicas, mas o álbum surpreende. Há uma combinação inédita de surf rock com o jazz etíope do icônico Mulatu Astatke, por exemplo. A música se chama “Surfin’ Astatke”. Na sequência, uma passagem instrumental para dois sambas: “No Amanhecer”, e uma versão vitaminada de “Fita Amarela”, clássico de Noel Rosa. “Dei a elas um pouco com a energia de New Orleans”, explica BNegão.
Mas não é só galhofa. Pedindo “com licença” em Yorubá, e invocando os tambores de terreiro de Alexandre Garnizé na primeira faixa, o músico busca novamente a frequência ideal. “É que nem rádio: você não está vendo, mas pode sintonizar”, diz o rapper. “O disco é para injetar energia nas pessoas que estão sobrevivendo nesse planeta maluco e nesse país insano.”
Verborrágico, BNegão também fala da crise atual, apontando os holofotes para os indivíduos, e não para a sociedade. “As pessoas falam muito dos outros. A mudança tem que ser você mesmo, e esse disco também tem a ver com isso”, diz, lembrando um ditado que nunca esqueceu desde que o ouviu pela primeira vez, aos 14 anos: “Triste seria você matar o canibal e herdar sua fome.”
No show, BNegão, (voz), Pedro Selector (trompete e voz), Fábio Kalunga (baixo), Robson Riva (bateria e voz) e Fabio Moreno (guitarra e voz), irão tocar o disco na íntegra, do começo ao fim. “É um lançamento corajoso. Depois disso, tem o bis de uma hora.”
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