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Desafio você a ouvir Time Out, o disco que o Dave Brubeck Quartet gravou em 1959 para a Columbia Records. Ainda que não suporte jazz, é possível que termine a experiência pensando algo como: "Até que não é mal". (Apesar de que, não suportando jazz, você pode também maldizer este colunista.) Faça melhor ainda: ouça alto só uma música, a primeira, "Blue Rondo à la Turk", de olhos fechados. Ela é fulminante.

Não existe nada que soe como o quarteto de Dave Brubeck, que morreu na última quarta-feira, um dia antes de completar 92 anos. Ninguém toca piano como Brubeck. Ou sax alto como Paul Desmond (1924-1977). Inclua na lista sem-igual o baterista Joe Morello (1928-1911) e o baixista Eugene Wright, hoje com 89 anos. Foi um grupo e tanto.

Time Out é um disco que você pode ouvir sempre. Ele não cansa. Quem disse isso não fui eu, mas um cara amigo meu, o Paulo Oscar, que me deu o Brubeck de presente mais de uma década atrás. "É dos poucos discos de jazz que nunca deixei de ouvir", ele me disse, no dia do presente. Pelas minhas contas, esse "nunca" dele já tinha mais de 30 anos.

Eu ouço Brubeck há mais de uma década e ele jamais me deixou na mão. Depois de um tempo, as seis faixas, curtas para os padrões jazzísticos (a maior tem 7 minutos e 22 segundos e a menor, 4 minutos e 16), surpreendem mesmo depois de conhecidas.

Time Out funciona como uma relação amorosa bem-sucedida deve funcionar, ao menos segundo pesquisas de cientistas americanos e europeus, de laboratórios em várias partes do mundo. Os trabalhos foram comentados no New York Times, sábado passado, pela professora de psicologia Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia.

Os cientistas concluíram que o ser humano é atraído pela novidade de um modo irracional – o que é outra forma de dizer que a evolução nos fez assim. Entre as conclusões apresentadas pelos pesquisadores, nas palavras de Sonja, está a importância de os casais investirem em descobertas e em prazeres imprevisíveis – e ela não se refere só aos sexuais.

A ideia de viver emoções novas ao lado de alguém íntimo soa fascinante e está longe de ser algo simples de se conseguir dentro de uma relação. No caso de Brubeck – e sei que estamos falando de música aqui –, essa relação entre intimidade e novidade parece simples, mas é igualmente fascinante.

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